sexta-feira, 13 de junho de 2014

A expiação por Azazel - A quem representava o bode Azazel? (CACP)



A senhora White, profetisa inspirada do adventismo, “descobriu” a doutrina da expiação compartilhada- Cristo e Satanás (Levítico 16. 20-22). Este texto fala de dois bodes sacrificiais para os quais os pecados do povo de Deus foram simbolicamente transferidos, sendo um sacrificado substitutivamente e outro, mantido vivo, mas abandonado na solidão dos ermos. Ela, dicotomizando o sacrifício, viu no bode substituto sacrificado o tipo de Cristo e no vivo alienado, a figura do príncipe dos demônios.
Então, imaginativamente, conclui:
A- O bode abatido, cujo sangue faz a purificação do santuário, prefigura Jesus Cristo que, pelo seu sangue imaculado, purificará o altar do Santo dos Santos celeste; fato que ocorrerá no fim do Juízo Investigativo.
B- O bode emissário, Azazel, prefigura Satanás, para o qual Cristo transferirá todos os pecados de seu povo, que se encontram registrados no livro arquivado no santuário, e o desterrará para a terra desolada, onde permanecerá em estado de inominável sofrimento por seus próprios crimes e pelos delitos dos justos pelos quais é diretamente responsável. Esse ato de transferência expiatória ocorrerá no encerramento do juízo investigador, dando início ao “perdão dos justos”, que habitarão com Cristo, e ao milênio, durante o qual o “Azazel Expiatório” vagará, com seus anjos maus, pela terra convertida em deserto, terrivelmente árida.
O Papel do Diabo na Expiação Adventista.
A vítima expiatória, na verdade, é Satanás, não Jesus Cristo. O sangue de Cristo, de fato, não exerce expiação: ele é transferido para o santuário celeste, onde se encontra os pecados dos justos registrados em livro próprio. Quem, no juízo final, tiver merecimento por arrependimento e fé, o “depósito do sangue de Cristo a seu favor” garantir-lhe-á a remoção dos pecados, que serão colocados sobre o Demônio regente. Este, sim, funcionará como “bode expiatório”, carregando os pecados dos santos, sofrendo por eles e, posteriormente, no final do milênio, morrerá expiatoriamente, eliminando as culpas de todos os filhos de Deus. Quem, finalmente, vai morrer pelos pecados, conforme os adventistas é Satanás. Inacreditável!
O Sacrifício e Azazel
Sacrifício único. À luz do contexto sacrificial, não se pode imaginar sacrifícios expiatórios independentes, um do bode sacrificado, outro do vivo. Ora, o culto sacrificial do Dia Nacional da Expiação era uno, com um único significado: purificação do arraial ou do santuário e perdão dos pecados coletivos. A cerimônia constava de dois bodes: um que, carregando os pecados do povo, eliminava-os pela morte vicária; outro que, igualmente levando as culpas dos eleitos, continuava vivo, mas em lugar onde a contaminação fosse impossível. Nesse ato simbólico, a morte sacrificial e a vida sacrificial prefiguravam um só evento: a vida, paixão e morte
de Cristo, o que carregou o nosso pecado (Isaías 53.4,8; João 1.29,36; 1 João 3.5) e, ao mesmo tempo, encravou-o na cruz (Isaías 53.5-7). Os dois bodes, ambos vítimas sacrificiais, são, com certeza, figuras de Jesus Cristo, que se fez pecado por nós e por nós entregou sua vida. A purificação do leproso curado, que simbolizava um pecador purificado de seus pecados, também era feita por dois pombos; um, destinado à morte sacrificial; outro, a carregar, pelo sangue da vítima, a doença para longe (Levítico 14.1-9) (Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, Editora. Vida Nova, 1ª Ed, 1998, pág. 1.099,§1593).
Introduzir papel Satânico no culto sacrificial, especialmente no que tipificava a vida encarnada de Cristo, feita pecado por nós, é mais que inconsequência, é abominação.
Azazel.
Retirar doutrina de tal relevância e tantas conseqüências de um texto isolado e a partir de uma única palavra de difícil interpretação não é de bom alvitre. Alguns entendem que “azazel” vem das raízes hebraicas: ez (bode) e azal (virar-se). Outros dizem que a palavra procede do árabe: “azala” (banir, tirar, remover). Os rabinos, em sua maioria, entendiam que Azazel era o local, no deserto, para onde o bode era enviado (Obra citada, pág. 1.100). Como, na crença israelita, o deserto era a habitação de espíritos maléficos, muitos concluíram que Azazel era um “espírito maléfico”. Não há consenso sobre o verdadeiro significado de Azazel. A partir de uma palavra indefinida definiu um dogma duvidoso.
O bode não era Azazel.
Em todas as incidências, o termo azazel aparece com a preposição prefixal “para”. Portanto, a palavra significa: “para Azezel”. Desta maneira, o bode emissário, carregando os pecados do povo de Deus, é levado “para Azazel”, isto é, para um local ou para um espírito maléfico com esse nome. Dona White sustenta que Azazel é protótipo de Satã no sacrifício expiatório prefigurativo; sendo, portanto, o próprio Satanás, na expiação final do juízo investigativo, quem levará os pecados dos justos para a terra milenar desolada. Assim, o bode emissário, em vez de ser “para zazel”, converte-se em “Azazel”, o Demônio expiatório. Então, a expiação passa a ser efetuada, compartilhadamente, pelo Deus do bem, Jesus Cristo, e pelo deus do mal, Príncipe das trevas. O “redimido”, na soteriologia adventista, tem de ser grato a Satã por sofrer e perecer em seu lugar; ele, efetivamente, foi maldito ao colocar o pecado no mundo, mas será bendito ao retirá-lo, sofrendo e, finalmente, morrendo pelos pecadores.
Difícil crer que alguém tenha coragem de produzir semelhante doutrina; mais difícil ainda é acreditar que uma “comunidade cristã” conserve-a como dogma de fé.

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