segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Testemunhas de Yehoshua: O que é isto?

Por Ezequias Soares da Silva (Presidente do Conselho de Apologética da CGADB)


História e doutrina

Um novo movimento está surgindo entre o povo, denominado Igrejas de Deus das Testemunhas de Iehoshua, conhecido também por Testemunhas de Iehoshua. Fizemos um levantamento sobre esta nova seita, pesquisamos seu material (algumas apostilas) e entrevistamos, via telefone, o fundador da nova religião. O movimento foi fundado em 1987, em Curitiba, PR, por Ivo Santos de Camargo. O fundador não possui formação teológica formal. Diz que estudou hebraico durante dois anos, após a suposta revelação.Atualmente dirige a Igreja, segundo ele, com cerca de 100 membros. Afirma que seu movimento está do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte.

O fundador afirma nunca pertencer a uma igreja evangélica, mas diz haver visitado algumas delas. Diz que recebeu uma revelação de Deus sobre a pronúncia exata do tetragrama (nome divino, as quatro consoantes [YHWH] e que esse nome é o mesmo do Salvador. Segundo o fundador, o nome "Jesus" é uma abominação, é o paganismo do catolicismo romano. O nome que veio do céu, diz, é Iehoshua. Afirma ainda "ser filho direto da revelação", portanto sua ordenação é direta com Deus. É contra a todas as igrejas evangélicas, admite que a salvação depende do conhecimento e da revelação do nome Iehoshua, e mesmo assim, dentro de sua organização religiosa.

Os adeptos do referido movimento, sob a orientação de seu fundador, negam a doutrina da Trindade, embora defenda a deidade absoluta de Jesus. É o sabelianismo modal, como a Igreja Local de Witness Lee e a Igreja Voz da Verdade, do conjunto musical de mesmo nome. São sabatistas, defendem a guarda do sábado, como os adventistas do sétimo dia. Defendem duas categorias de salvos, mais ou menos como as Testemunhas de Jeová: Os cristãos salvos vão para céu, exceto os judeus, assírios e egípcios, estes herdarão a terra. São exclusivistas como as demais seitas pseudo-cristãs.

Os adéptos da nova seita costumam visitar os templos evangélicos em grupos, para tumultuar o ambiente. Um membro do grupo pergunta ao pregador sobre Iehoshua e Jesus. É óbvio que dificilmente vai encontrar alguém que saiba hebraico, nem elas mesmas o sabem, são pedantes. Quando o pregador se embaraça os demais membros do grupo começam a gritar criando uma verdadeira balbúrdia no culto. São proselitistas. Estão preocupados em arrebanhar os cristãos evangélicos, pois são pescadores de aquários.

É uma seita inexpressiva e seus argumentos só podem convencer as pessoas mais simples e os incautos. Suas crenças são inconsistentes e de uma pobreza franciscana. É bom lembrar que C. T. Russell, fundador das Testemunhas de Jeová, começou com suas idéias subjetivas, posteriormente transformando suas ficções em "verdades", pelo processo de lavagem cerebral. Sua religião conta hoje com quase seis milhões de adeptos em todo o mundo. A Igreja do final do século passado e do início do século vinte subestimou o tal grupo. Com o trabalho ferrenho de casa em casa, aos poucos eles vão crescendo.

Se as igrejas da atualidade subestimarem a seita Testemunhas de Iehoshua, poderemos ter o mesmo problema no futuro, pois a mentira repetida vinte vezes se torna "verdade", como dizia Mussolini. Apesar das crenças dessas seitas serem ficções, doutrinas subjetivas, sem base bíblica, todavia elas estão fazendo proselitismo. O povo precisa saber que a crença delas é um combate contra o Cristianismo bíblico.

JESUS OU IEHOSHUA?

Origem do nome

O nome Jesus vem do hebraico (Yehoshua) — "Josué", que significa "Iavé é salvação". Josué era chamado de Oshea ben Num "Oséias filho de Num" (Nm 13.8; Dt 32.44). "Oshea" significa "salvação". Moisés mudou seu nome para Yehoshua ben Num "Josué filho de Num" (Nm 13.16).

A Septuaginta usou o nome (Iesus) para Yehoshua, portanto Iesus é a forma grega do nome Yehoshua, exceto I Cr 7.27, que transliterou por (Iousue) — "Josué". Depois do cativeiro de Babilônia, o nomeYehoshua era conhecido por (Yeshua). Em Neemias 8.17 Josué é chamado Yeshua ben Num. Yeshua é o nome hebraico para Jesus até hoje em Israel. Isso pode ser comprovado em qualquer exemplar do Novo Testamento hebraico.

O sumo sacerdote Josué, filho de Joazadaque, é chamado em hebraico simultaneamente de Yeshua (Ed 3.2, 8; 4.3; 5.2; Ne 7.7) e Yehoshua (Ag 1.1, 12, 14; 2.2, 4; Zc 3.1, 3, 6, 8, 9; 6.11). Embora nossas versões usem Jesua (Almeida Corrigida, Atualizada e Contemporânea) Jesuá (Revisada) Jeshua (Brasileira), contudo a Septuaginta não faz essa distinção — Usa Iesus para ambos. Iesus é o nome do Messias, o nosso Salvador, registrado no Novo Testamento, que chegou para nossa língua como Jesus.

O NOME YEHOSHUA

O que as Testemunhas de Jeová fazem com o nome "Jeová", assim o fazem as Testemunhas de Yehoshua com relação ao Deus-Pai e ao Deus-Filho. O fundador disse que recebeu uma revelação de que a pronúncia correta do tetragrama não é Jeová, Javé, Iahweh e nem Yehovah, mas Iehoshua. Agora procuram justificar esta "descoberta" em Êx 23.20, 21, que diz: "Eis que eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho e te leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebelião; porque o meu nome está nele". Afirma que esse Anjo é Josué, com base na expressão: "o meu nome está nele". Como o nome "Josué" em hebraico é Yehoshua assim explica sua teoria.

Negando a doutrina bíblica da Trindade afirma que Iehoshua é o nome do Deus de Israel, revelado no Velho Testamento, e que esse nome é o mesmo do Messias, que deve ser invocado por "Iehoshua" e não por "Jesus". Segundo eles: "Jesus é o nome que os papas introduziram nas Sagradas Letras, blasfemando do nome que veio do céu". Em outra literatura diz: "No fim do III século da era cristã, quando o bispo Jerônimo traduziu as Escrituras para o latim, a língua oficial do império romano. Nesta ocasião o nome original IERROCHUA foi substituído pelo nome grego-romano (IESOUS)".

É pena que essas vítimas estejam tão mal-informadas. Há textos do Novo Testamento anterior a data apresentada pela seita, que mostram que a infirmação dessas vítimas não é verdadeira. Por exemplo: Os papiros 45, 46 e 47, conhecidos como Chester Beatty, que se encontram atualmente no museu Beatty, em Dublin, Irlanda, são do início do terceiro século, e trazem a forma abreviada de (Iesus) — IS ou IC. Da mesma forma os Papiri Bodmeriani, 66, 75 e 76, que se encontra na Biblioteca Bodmer, em Geneve, Suiça. O papiro 75 contém os evangelhos de Lucas e João, é datado entre 175 e 225 AD. Esse argumento de que o nome Iesus é coisa de Jerônimo, no fim do século III não procede.

Ensinam que o Pai é Filho e o Filho é Pai: Doutrina sabelianista. Jesus disse: "E na vossa lei também está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou" (Jo 8.17, 18). Essa passagen bíblica, por si só, destrói completamente o sabelianismo e qualquer doutrina unicista. Além disso, encontramos vezes, nios evangelhos, Jesus se dirigindo ao Pai como outra pessoa. Negam, como as Testemunhas de Jeová, a personalidade do Espírito Santo.

O primeiro problema dessa interpretação, para não dizer invenção, é que a pronúncia Yehoshua, não comporta no tetragrama. Diz o fundador do referido movimento: "Essa vocalização foi feita pelo ANJO, não por homens". Isso que a seita fez não é vocalização, pois as letras hebraicas (ayin) e (shin), que aparecem no nome Yehoshua são consoantes. O problema da pronúncia exata do tetragrama diz respeito meramente com as vogais, e o fundador acrescenta duas consoantes. As letras y (yiud), h (he) e w (vav) aparecem no nome Yehoshua, mas no tetragrama o he aparece duas vezes. O nome (Yehudah) "Judá" traz as quatro consoantes hdwhy, eliminando a letra dalet d fica o tetragrama hwhy. O nome "Judá", em hebraico, se aproxima mais do tetragrama que o nome de "IEHOSHUA". Nem com uma camisa-de-força seria possível ser essa a pronúncia exata do tetragrama, é impossível tal pronúncia. Yehoshua não é o nome do Deus de Israel e nem de seu Filho Jesus, mas o nome de dois personagens que são figuras de Cristo: Josué filho de Num e Josué filho de Jozadaque.

O misterioso anjo

Por que o referido Anjo deveria se Josué, segundo a seita? Alegam esses adeptos que isso é pelo fato de o texto afirmar: "o meu nome está nele". A Bíblia diz que Deus pôs o seu nome sobre os filhos de Israel (Nm 6.27); sobre o Templo de Jerusalém (II Cr 7.15); sobre a cidade Santa e assim por diante. Por que só nessa passagem os adeptos de Ivo dos Santos Camargo afirmam que esse Anjo é Josué? Assim, essa expressão "o meu nome está nele" não justitica a teoria das Testemunhas de Iehoshua.

O Anjo nesta passagem é um ser sobrenatural que haveria de proteger Israel até a total extinção dos amorreus, heteus, ferezeus, cananeus, heveus e jebuseus (Êx 23.23). A fortaleza dos jebuseus só foi conquistada por Davi, mais de 350 anos depois da morte de Josué (2 Sm 5.6-9). Logo esse anjo não pode ser Josué.

Deus se manifestou como anjo diversas vezes. Esse misterioso Anjo aparece a Agar, no relato do nascimento de Ismael (Gn 16.7-13). No v. 10 o Anjo diz: "Multiplicarei sobremaneira a tua semente". No v. 13 "E Ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és o Deus da vista". Quem falava com ela era Deus ou o Anjo? Da mesma forma, encontramos na teofania do sarçal ardente: "E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo... e vendo o SENHOR que se virava... bradou Deus... Eu sou o Deus de teu pai... (Êx 3.2, 4, 6). Ora, quem apareceu a Moisés foi Deus ou o seu Anjo? Como se explica isso Esse Anjo, que além de apresentar atributos divinos, diz explicitamente que é Deus. Ele é o Messias pré-encarnado, portanto, o próprio Deus. É esse o significado de "o meu nome está nele". (Êx 23.21). O próprio Josué teve um encontro com esse Anjo (Js 5.13-15).

Assim fica claro que Yehoshua é um nome e o tetragrama é outro. O que nos espanta é o fato de alguém afirmar de maneira aleatória que "isso é aquilo" sem sustentação alguma baseado exclusivamente no subjetivismo e em cima disso criar uma religião. O pior de tudo isso é que ainda consegue adeptos!

Algumas supostas objeções

Questão da letra j. Diz o fundador das Testemunhas de Iehoshua que o nome correto de nosso Salvador não pode ser "Jesus" por não existe a letra j na língua hebraica. Esse argumento é de uma pobreza franciscana! É verdade que o j não existe no hebraico, grego e latim. No hebraico a letra y yud representante tanto o som vogal i como a consoante y. O mesmo acontecia com o latim com as letras i e u. O emprego das letras j e v para representar i e u consonânticos ocorreu na época do Renascimento, e difundido por Pierre de la Ramée. Por isso lemos Jerusalém, e não Yerushalayim; Jeremias, e nãoYeremiahu; Jonas, e não Yonah; Joaquim, e não Yehoiacin; e assim por diante.

O número 666. Alegam que a expressão "Jesus Cristo Filho de Deus" equivale ao número 666, isso para consubstanciar sua teoria de que o nome "Jesus" é satânico. Antes de tudo, convém salientar que, com um pouco de criatividade, é possível tomar o nome de qualquer personagem e adaptar com seus títulos selecionados até que se chegue ao número 666. Isso é possível fazer com o nome do próprio líder do movimento Testemunhas de Iehoshua. Quando se quer rotular alguém de 666 há muitas maneiras de fazê-lo. Se não funcionar em caracteres latinos, pode-se usar caracteres hebraicos. Se um título não encaixar, substitui por outro, ou adiciona mais um adjetivo. Se mesmo assim não for possível, basta criar cálculos cabalísticos. Esse artifício das Testemunhas de Iehoshua só convence quem prefere trevas à luz.

Outro ponto importante é que não existe na Bíblia a expressão "Jesus Cristo Filho de Deus". Essa construção não é bíblica. A Bíblia ensina inúmeras vezes que Jesus é o Filho de Deus, mas não com essa construção. Colocar essa construção em latim para depois adaptar ao número 666 é um artifício maligno para atacar o cristianismo bíblico.

Nome não se traduz. É verdade que nome não se traduz, mas se translitera conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros que levam a letra w wav, "v" em hebraico aparecem como Eua,Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra b beta b na antigüidade", hoje é v. Hoje se escreve Dabid para David e Eba para Eva.

Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. O nome "João", por exemplo é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em inglês; Jean, em francês; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; Johannes, em alemão. Jacó, em hebraico é Yaakov; Iakobo (Tiago), em grego; Jacques, em francês; Giácomo, em italiano; Jacob, em inglês. Há nomes que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eliazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elisabete é a forma hebraica do nome grego Isabel. O argumento, portanto, de o nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas é inconsistente, sem apoio bíblico.

Iesus. Alegam que o nome Iesus é uma zombaria do nome de Deus, pois sUs (sus) significa "cavalo" em hebraico. Esse argumento é um insulto à inteligência humana, porque Iesus é nome grego e sus é hebraico. O nome Iesus é a forma grega do nome hebraico Ieshua. Segundo O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, o "s" foi acrescido para facilitar a declinação: "Iesus é a forma gr. Do antigo nome judaico Yesua, forma esta que se obtém mediante a transcrição do heb., acrescentando-se um -s para facilitar a declinação". "Cavalo", em grego, é hyppos, e não sus.

OS DISSIDENTES E SUAS CRENÇAS

Apesar de o movimento ser tão novo, já saiu outro grupo dele. Os dissidentes do movimento, que também se identificam como Testemunhas de Iehoshua, defendem os mesmos princípios do fundador, indo mais além: Negam a autoridade do evangelho de Mateus; ser Jesus o Filho de Deus, dizem que Jesus é filho de José e Maria, negando o nascimento virginal de Jesus, alegam que só após a ressurreição ele "tornou-se" Filho de Deus.

Filho de Deus

Os dissidentes das Testemunhas de Iehoshua catalogam todas as passagens bíblicas que revelam a linhagem humana de Jesus para questionar a sua filiação divina. Isso para consubstanciar a sua doutrina de que Jesus tornou-se Filho de Deus pela sua ressurreição, e citam para isso Romanos 1.4. Onde eles citam tais passagens, deveriam acrescentar as passagens bíblicas que provam ser Jesus o Filho de Deus, mesmo durante o seu ministério terreno, portanto, antes de sua morte e ressurreição, mas isso não o fazem.

A fé cristã nos obriga a crer que Jesus é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem. Jesus possuía duas naturezas: Humana e divina. A Bíblia está repleta de passagens que mostram o lado humano de Jesus, tanto nas características: Nasceu, cresceu, sentiu fome, sede, cansaço, sono etc., bem como a sua origem humana, traçada desde a genealogia. Isso, em nada neutraliza o lado divino e a sua filiação divina. Disse o apóstolo João: "Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus" (1 João 4.15). "Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 João 5.5). "Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o fez; porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu"(1 João 5.10).

O evangelho de Mateus

Eles recusam o evangelho de Mateus chamando-o de "Evangelho Duvidoso", pois se diz que foi escrito originalmente escrito em hebraico e depois traduzido para o grego. Nessa tradução, segundo eles, o texto foi corrompido. Alegam que é o único dos evangelhos que tem o batismo em nome da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19); permissão para o divórcio (Mateus 19.9) salvação pelas obras (Mateus 25.34-36); substancia o papado (Mateus 16.16-19); considera o nascimento virginal de Jesus cumprimento de Isaías 7.14.

Só pelo fato de este grupo rejeitar o Evangelho de Mateus já tem o repúdio dos cristãos. Não é um grupo de pessoas obscuras e de conhecimento bíblico duvidoso que vai por em xeque uma obra que passou por escrutínio da mais alta erudição durante esses vinte séculos de cristianismo. Seus argumentos são artificiais e inconsistentes.

Ainda não está confirmado que Mateus escreveu o seu evangelho em hebraico ou aramaico. Apesar dos fortes testemunhos da patrística, desde o segundo século, contudo, nada há no conteúdo deste evangelho que confirme essa versão. Antes, o contrário, a expressão encontrada nele: "Que traduzido é: Deus conosco" (Mateus 1.23) mostra que não haveria necessidade de se traduzir o significado de "Emanuel", uma vez que o texto já está em hebraico. Outro ponto interessante, é que há duas formas gregas de se escrever o nome" Jerusalém": Jierosovluma, (Ierosolyma) grega e jIerousalhv;m(Ierusalem) — hebraica. Mateus usa a forma grega, o que seria estranho para uma obra escrita originalmente em hebraico.

"Eis que uma virgem conceberá"

"Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías 7.14).

O substantivo hebraico para "virgem" usado nesta passagem é (almah). Isto tem dado espaço para intermináveis controvérsias, principalmente por eruditos judeus e por teólogos "cristãos" modernistas, na tentativa de neutralizar a doutrina do nascimento virginal de Jesus. Alguns afirmam que a palavra mais apropriada para "virgem" seria (b'tulah) e com isso querem dissociar Mateus 1.23 de Isaías 7.14. Nessa linha estão também os dissidentes iehoshuolitas.

A palavra b'tulah aparece 51 vezes no Velho Testamento hebraico e é traduzida 44 vezes por (parthenos), na Septuaginta. Ela pode se aplicar a uma mulher casada (Jl 1.8) o que não ocorre com o substantivo almah, que só se aplica a mulher solteira. W. E. Vine, com base em Joel 1.8, diz que b'tulah nos textos aramaicos tardios era aplicada a uma mulher casada. Isso, portanto, segundo Vine, traria muita confusão: "Não ficaríamos sabendo o que era exatamente o que tinha em mente. Estava se referindo a uma que era verdadeiramente virgem, ou uma que estava desposada, ou uma que já havia conhecido marido? À luz destas considerações, parece que a eleição da palavra almah foi deliberada. Parece que é a única palavra hebraica disponível que indicaria com clareza que aquela a que ele designa não estava casada".

O substantivo almah aparece 9 vezes no Velho Testamento hebraico (Gn 24.43; Êx 2.8; 1 Cr 15.20; Sl 46 (título, pois a palavra hebraica alamoth é plural de almah); 68.25; Pv 30.19; Ct 1.3; 6.8; Is 7.14). Em dois lugares a Septuaginta traduziu por parthenos, que significa "virgem" (Gn 24.43; Is 7.14). A mesma Rebeca que é chamada "virgem, [b'tulah, em hebraico] a quem varão não havia conhecido", no v. 16 desse mesmo capítulo, é chama de almah. A Septuaginta foi traduzida antes do nascimento de Jesus (285 a. C., segundo Josefo e a carta de Aristéia). Há muitas controvérsias quanto a essa data. Qualquer que seja, o certo é que foi antes do nascimento de Jesus. A tradução foi feita por rabinos, portanto, entendiam que almah em Isaías 7.14 se tratava de uma "virgem". Assim era o significado dessa palavra na época.

É muito suspeito que só depois do surgimento do cristianismo que os judeus procuraram reavaliar o significado dessa palavra. As versões gregas do Velho Testamento, que vieram após o cristianismo substituíram parthenos por neanis "jovem". Áquila era judeu e discípulo do rabino Akiva (morto em 132 AD). A outra versão é a de Teodócio, apóstata do cristianismo, que voltou ao judaísmo (final do segundo século AD); e finalmente a de Símaco, que era ebionita (seita judaica que negava a divindade de Cristo) preparada em 170 AD.

Diz o Dr. Aage Bentzen, nada ortodoxo, contra a nossa linha conservadora, mas admite que parthenos veio dos próprios judeus: "Contra a Igreja os judeus sustentavam que Is 7.14 não fala de uma `virgem' (parthenos), mas de uma `mulher jovem' (neanis). Os cristãos respondiam acertadamente que a tradução parthenos provém de tradutores judeus". Até hoje, para fazer frente contra o nascimento virginal de Jesus, os judeus, em Israel usam almah para "senhorita".

Há quem diga que o contexto do Velho Testamento não fornece luz suficiente para o significado de "virgem", contudo, muitos eruditos afirmam o contrário. Gerard Van Groningen cita cinco autoridades no assunto sobre a palavra ugarítica galmatu encontrada nos documentos de Ras Shamra. Uma dessas autoridades, H. Wolf, em sua obra Interpreting and Glory of the Messiah, p. 450, diz: "Nos três lugares onde glmt, o equivalente exato de almah, é usado, ele refere-se a uma jovem procurada para casamento".

Gerard Van Groningen apresenta a seguinte conclusão: "Um exame dos materiais disponíveis a estudiosos e peritos, como indicado acima, leva-nos à segura conclusão de que, com base no uso do termo tanto em hebraico quanto em ugarítico o termo almah deve ser traduzido por `virgem'. A Septuaginta dá pleno apoio a isto e o testemunho do Novo Testamento (Mt 1.23) dá a palavra final. Isaías disse e pretendeu dizer virgem".

A Trindade

Tanto as Testemunhas de Iehoshua como seus dissidentes, ambos negam a Trindade, como é característica das seitas. Segundo Jo 17.3, a doutrina de Deus é uma questão de vida ou morte. Jesus classificou o assunto como o primeiro de todos os mandamentos (Mc 12.29).

O nome "Deus" é polissêmico na Bíblia. Aparece com referência ao Pai sozinho, como Deus verdadeiro e absoluto (Fp 2.11), em Jo 1.1: "...e o Verbo estava com Deus..."; com referência ao Filho, como sendo Deus absoluto, com toda a sua plenitude (I Jo 5.20; Cl 2.9; e na terceira parte de Jo 1.1: "...e o Verbo era Deus". Da mesma forma com relação ao Espírito Santo (At 5.3-4); e muitas vezes esse termo "Deus" se aplica à Trindade (I Co 15.28; Mc 12.32). O mesmo acontece com o tegragrama hwhy (YHWH) "YAHWEH", ou "SENHOR", conforme nossas versões do Velho Testamento. Refere-se ao Pai (Sl 110.1), ao Filho (Jr 23.5-6), ao Espírito Santo (II Sm 23.2-3), e à Trindade (Dt 6.4; Sl 83.18).

A Bíblia ensina que cada uma destas pessoas é Deus absoluto em toda a sua plenitude. Contudo não ensina um triteísmo, pois enfatiza a existência de um só Deus. A Trindade, portanto, é a união de três Pessoas distintas em uma só Divindade, e não em uma só Pessoa, pois a unidade de Deus é composta e não absoluta.

Os dissidentes do movimento de Ivo dos Santos Camargo, além de negarem a Trindade, recusam aceitar a autoridade do evangelho de Mateus. A Trindade está em toda a Bíblia e não meramente em Mateus. Nenhum cristão está autorizado a rejeitar certos livros da Bíblia pelas suas peculiaridades. O fato de Mateus ser o único a registrar a fórmula batismal não significa que o texto seja espúrio, pois cada livro da Bíblia sem as suas peculiaridades. Marcos foi o único registrou o moço desnudo que fugiu por ocasião de prisão de Jesus (Marcos 14.51, 52). Lucas foi o único que registrou a origem de João Batista, a infância de Jesus, a parábola do filho pródigo, as passagens do Rico e Lázaro e do Bom Samaritano. João foi o único que registrou o milagre de Caná da Galiléia, transformando água em vinho, a ressurreição de Lázaro, o lava pés etc. Isso, por si só, destrói completamente o interpretação das Testemunhas de Iehoshua.

Quanto à salvação pelas obras, convém salientar que a passagem de Mateus 25.34-36 não diz respeito à salvação. O texto fala do julgamento das nações. O divórcio não é peculiaridade de Mateus, Paulo também admitia o divórcio em certas circunstâncias (I Co 7.10-15). O nascimento virginal de Jesus é também confirmado em Lucas 1.34 "Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?"

Conclusão

Ultimamente tem havido inúmeras inovações no meio do povo de Deus. Tanto fora da Igreja como no seio dela surgem as heresias. O apóstolo Paulo disse que Deus permite que isso aconteça para provar os fiéis (1 Co 11.19). É verdade que cada ser humano tem a liberdade pensamento e de expressão. Tem o direito de expressar seus pensamentos por mais exóticos que sejam. Causa-nos estranheza o fato de esses agentes dessas idéias excêntricas encontrarem adeptos, acharem quem acredite nessas invenções.

Os fundadores de seitas costumam dizer que receberam revelação direta de Deus. Geralmente essas revelações contradizem a Bíblia. Seus adeptos, muitas vezes, deixam a Bíblia para seguirem seus líderes. Isso aconteceu com Joseph Smith Jr, fundador do Mormonismo; William Miller, depois Ellen Gould White, com o Adventismo do Sétimo Dia; Charles Taze Russell, fundador das Testemunhas de Jeová; etc., e agora Ivo dos Santos Camargo, com as Testemunhas de Iehoshua.

Todo líder que procura impor uma inovação com base em suas supostas revelações, como doutrina básica de sua religião, deve ser rejeitado. A dona Valnice Milhomens resolveu defender a guarda do sábado porque, segundo ela, recebeu essa "iluminação" quando estava visitando Israel. Agora se insurge contra a ortodoxia cristã. Ainda que, no seu caso, não seja propriamente uma inovação, mas um retrocesso, pois os adventistas do sétimo dia já vem defendendo essa doutrina desde os dias da Sra. Ellen Gould White.

O nosso alerta às igrejas se encontra no apóstolo Paulo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" (I Tm 4.16).



Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).


Fonte: Sola Scriptura

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Edir Macedo pode perder a Rede Record




Segundo consta no processo, o bispo Edir Macedo usou dezenas de milhões de reais da Igreja Universal para concretizar a aquisição da Record.

Com a mesma isenção e imparcialidade com que há 10 anos a Tribuna da Imprensa acompanha a tramitação da Ação Declaratória de Inexistência de Ato Jurídico, que herdeiros dos antigos acionistas da ex-Rádio Televisão Paulista S/A movem contra a família Marinho, seguimos também o lento caminhar da Ação Civil Pública proposta pela Procuradoria da República em São Paulo contra a Rede Record de Televisão, a Igreja Universal do Reino de Deus e o bispo empresário Edir Macedo, com julgamento previsto para o dia 12 de janeiro de 2011.

No caso da TV Paulista (hoje, TV Globo de São Paulo), restou a triste conclusão de que o negócio foi consumado com documentos anacrônicos, falsos, ilegais, porém, validados por conta da prescrição do tempo: ou seja, Roberto Marinho se apossou de 48% do capital social inicial de 673 acionistas minoritários por apenas Cr$ 14.285 e pelos outros 52% despendeu apenas US$ 35, já que Victor Costa Junior, a quem pagou CR$ 3.750.000.000,00 nunca foi acionista daquela emissora. Esse processo ainda depende de julgamento no STJ.

Informa-se que o advogado que cuida desse processo principal, acaba de ser contratado para propor, via ação popular, a cassação da concessão da ex-Rádio TV Paulista por conta dos vícios que pontuaram a transferência da outorga para seus atuais controladores e sobretudo porque o processo administrativo existente na Administração Federal não contém documento algum que justifique tal controle.

Quanto à compra da TV Record por Edir Macedo, o Ministério Público Federal avalia que ela foi ilegal e é inconstitucional. A venda (que o empresário Silvio Santos fez a Edir Macedo e à sua esposa) da TV Record de São Paulo, hoje, a segunda maior rede de televisão do país e com faturamento anual batendo na casa dos R$ 3 bilhões, não teve prévia aprovação das autoridades federais e pode ter sido produto de simulação.

Segundo consta dos autos, o bispo Edir Macedo usou dezenas de milhões de reais da igreja que dirige para concretizar a aquisição. Esses vultosos recursos (doações de milhões de evangélicos) teriam sido “emprestados” pela Iurd para que o bispo Edir Macedo pudesse comprar a poderosa rede de TV e na qual, o mesmo bispo-empresário já investiu várias centenas de milhões de reais. A Rede de Televisão e Rádio Record, sem duvida alguma, é hoje avaliada em cerca de US$ 3 bilhões e, ao que se comenta, teria liquidez maior do que a da emissora líder em audiência.

A Procuradoria da República questiona a compra da emissora porque Edir Macedo, como cidadão, em 1990 comprovadamente não teria bens e recursos para participar dessa vultosa transação e que, por isso, estaria implementando uma aquisição ilegal, dissimulada. A verdadeira compradora da empresa de comunicação seria a pessoa jurídica denominada Igreja Universal do Reino de Deus, o que fere flagrantemente a Constituição Federal.

Nos autos do processo, que tem cerca de 2.500 páginas, e cuja relatora, a desembargadora Salette Nascimento, foi substituída pelo juiz convocado José Eduardo Leonel Junior, indaga-se como foi possível o bispo Edir Macedo, sem patrimônio algum, sem renda mensal (já que sabidamente trabalha por amor ao próximo e a Deus), da noite para o dia ter se transformado no segundo maior proprietário de rede de televisão do país, com o ciente e o de acordo do Ministério das Comunicações, que tem a obrigação de fiscalizar esse importante setor de prestação de serviço público de radiodifusão de som e de imagem?

No caso da TV Record, de se lamentar que um processo dessa importância tivesse permanecido por mais de 10 anos, no TRF da 3ª Região, sem solução alguma e, por certo, em “prejuízo” dos novos donos da Rede Record de Televisão, que permaneceram tão longo período, sob constrangimento judicial. É uma preocupação a mais para o Conselho Nacional de Justiça encarar e resolver.

Nesse processo são réus também Ester Eunice Bezerra, esposa de Edir Macedo, o senador Marcelo Crivella, Sylvia Crivella, TV Record de Rio Preto S/A, TV Record de Franca S/A e Rádio Record S/A (Canal 7 de São Paulo) e outros.


Fonte: Consultor Jurídico (Libertos do Opressor)



GF Comenta: É realmente sem limites a ganância dos homens que, sem Deus no coração, preferem a vontade "mamônica" do que a vontade divina. É natural do homem corrompido o desejo por cada vez mais aquisição das coisas terrenas pois seu ventre nunca se sacia, mas por meio de trambiques e jogatinas, adquire seus objetos de desejo que muitas vezes aumentam de valor numa proporção gigantesca. Como alega o ditado: "Seria cômico, se não fosse trágico".

Como pode-se admitir presença divina em pessoas que flagrantemente pisam o Filho de Deus, e têm por profano o sangue da aliança com que foram santificados, e fazem agravo ao Espírito da graça? (Hebreus 10:29). Como defender ferrenhamente homens que são aborrecedores de Deus (Romanos 1:30), mais amigos dos deleites mundanos do deus deste século do que amigos do Eterno (II Coríntios 4:4; II Timóteo 3:4,5), homens que mais parecem com Simão que ansiava por comprar os dons divinos à custa de valores efêmeros (Atos 8)?

Esses homens traem Jesus por míseras trinta moedas de prata, negam Seu evangelho como Saul que, quando abandonado pelo povo preferiu ele mesmo tomar o lugar do sacerdote e ditar as normas de culto estabelecidas por Deus (I Samuel 13:1-9). Esse é o evangelho que as pessoas gostam e esses são os pregadores aplaudidos e ovacionados pelas multidões desesperadas por atalhos para se chegar a Deus. Como bem nos advertiu o Espírito Eterno através de Paulo:

E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos o que não creram a verdade, antes tiveram prazer na inquidade (II Tessalonicenses 2:11,12)

Em outras palavras, as pessoas tem o líder que merecem e os tais são o julgamento de Deus por darem as costas à Sua imutável verdade.

Apologeta!

Evangelista Eduardo França é autor do DVD: Milagres: De onde eles procedem? (Categoria: APOLOGÉTICA. À venda nos sites: CACP, MCK e MERCADO LIVRE). Co-Fundador e articulista do blog Guardian Faith: www.guardianfaith.blogspot.com
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