sábado, 28 de dezembro de 2013

O "Por que" e o "O que" da Apologética (Voltemos ao Evangelho)




A apologética é uma resposta à pergunta “Por quê?”, depois que você já deu às pessoas uma resposta à pergunta “O quê?”. A pergunta "O quê?", obviamente, é: “O que é o evangelho?”. Mas, quando você chama as pessoas a crerem no evangelho e elas perguntam “Por que eu deveria crer nele?”, então você precisa da apologética.


Eu tenho ouvido muitos cristãos tentarem responder à pergunta "Por quê?" voltando para O quê?". “Você deve crer porque Jesus é o Filho de Deus”. Mas isso é responder ao "Por quê?" com mais do "O quê?". Cada vez mais nós vivemos em um tempo no qual você não pode evitar a pergunta "Por quê?". Apenas fornecer "O quê?" (por exemplo, uma apresentação vívida do evangelho) funcionava nos dias em que as instituições culturais criavam uma atmosfera na qual o Cristianismo comumente era reconhecido como verdadeiro ou, pelo menos, honroso. Porém, em uma sociedade pós-Cristandade, no mercado de ideias você precisa explicar por que é verdadeiro, ou as pessoas irão simplesmente deixá-lo de lado.

Apesar disso, há muitos cristãos atualmente que dizem: “Não faça apologética, simplesmente exponha a Palavra de Deus – pregue, e o poder da Palavra irá impactar as pessoas”. Outros argumentam que “pertencer vem antes de crer”. Eles dizem que a apologética é uma abordagem racional, iluminista, e não uma abordagem bíblica. As pessoas devem ser trazidas para dentro de uma comunidade onde elas podem ver o nosso amor e as nossas obras, experimentar o culto, ter as suas imaginações capturadas, e a fé se tornará confiável para elas.

Há um certo mérito nesses argumentos. Seria de fato excessivamente racionalista afirmar que nós podemos provar o Cristianismo de tal maneira que qualquer pessoa racional teria de crer nele. Na verdade, tal afirmação desonra a soberania de Deus ao reverenciar a nossa razão humana autônoma. A comunidade e o culto são importantes, porque as pessoas chegam à convicção através de uma combinação de coração e mente, um senso de necessidade, refletindo intelectualmente e observando a comunidade.  Todavia, eu também já vi muitos céticos serem trazidos a uma calorosa comunidade cristã e, ainda assim, questionarem: “Por que eu deveria crer em você e não em um ateu ou muçulmano?”. Nós precisamos ser cautelosos antes de dizer: “Simplesmente creia”, porque o que nós estamos de fato afirmando é: “Creia porque eu estou dizendo”. Isso soa como um jogo de poder nietzchiano. É muito diferente de Paulo, que arrazoava, argumentava e provava no livro de Atos, e também Pedro, que nos chamou a dar razão da nossa esperança em II Pedro 3.15. Se a nossa resposta é: “Nossas crenças podem parecer totalmente irracionais para você, mas, se você ver o quanto nós amamos uns aos outros, você desejará crer também”, então nós iremos soar como uma seita. Então nós de fato precisamos fazer apologética e responder à pergunta "Por quê?".

Contudo, o problema com uma apologética exclusivamente racionalista (“Eu vou provar a você que Deus existe, que Jesus é o Filho de Deus, que a Bíblia é verdadeira etc.”) é que isso, em um sentido, põe Deus no banco dos réus para ser julgado por pessoas supostamente neutras, perfeitamente racionais, objetivamente sentadas no trono da Razão. Isso não se encaixa com o que a Bíblia diz acerca da realidade do pecado e do pensamento sempre prejudicado e distorcido produzido pela incredulidade. Por outro lado, uma apologética exclusivamente subjetivista (“Convide Jesus para entrar na sua vida e Ele irá resolver todos os seus problemas, mas eu não posso dar-lhe quaisquer boas razões, simplesmente creia com seu coração”) também falha em produzir convicção verdadeira do pecado e da necessidade.

Não haverá qualquer alegria na Graça de Jesus, a menos que as pessoas vejam que estão perdidas. Assim, uma apologética moldada segundo o Evangelho deve não apenas apresentar o Cristianismo, mas também deve desafiar a cosmovisão dos incrédulos e mostrar onde ela (e eles) têm um problema real. Isso é o que eu geralmente tento fazer.

Por Tim Keller. © 2012, Redeemer City to City. Website: www.redeemercitytocity.com. Original: How the Gospel Changes our Apologetics, Part 1
Tradução: VoltemosAoEvangelho.com.

Timothy J. Keller (conhecido como Tim Keller) é pastor da Redeemer Presbyterian Church em Nova York, apologista mundialmente conhecido e autor dos livros: A fé na era do ceticismo (Campus), A cruz do Rei (Vida Nova), O Deus pródigo e Deuses falsos (Thomas Nelson).

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O "bom" velhinho (Reflexões Bíblicas Blog)




Não gostaria que esse fosse mais um texto daqueles que reclama da presença do Papai Noel no Natal e, por tabela, deixa O Verdadeiro Aniversariante de lado. Por mais que concorde com isso, com o fato de que no Natal deveríamos lembrar do Redentor da raça humana, gostaria, entretanto, de entender o motivo pelo qual o “bom velhinho” é tão cativante.

Papai Noel é mais que uma lenda. Ele reflete o que há de mais real na espiritualidade contemporânea, pois nossos dias são marcados por uma espécie de hedonismo no qual a busca pela satisfação pessoal é o maior objetivo. O papel de Deus em uma sociedade assim é o de atender pedidos, como quem esfrega a lâmpada mágica esperando que dela brote algum gênio pronto a atender seus desejos. Se pararmos para pensar, a tradição consumista construída em torno do natal reflete exatamente esse tipo de pensamento; alguém que aparece do nada e supri seus desejos e atende seus sonhos. A realidade do Natal da Bíblia é outra; nela, Jesus é servido da adoração de todos aqueles por quem Ele morreu. É verdade que Deus supri seus filhos, mas não em uma relação de consumo e sim em um relacionamento amoroso que envolve dependência por parte destes.

Há, portanto, um nível de comprometimento diferente no natal de Cristo. Aquele que O busca, compromete toda a sua vida nesse propósito. É uma verdadeira abdicação de governo pessoal considerando que os valores de Deus, manifestados em Jesus, são mais competentes para dar um direcionamento do que convicções pessoais empíricas. Já o bom velhinho está circunscrito ao mês de dezembro e se ele se atrever a sair daí, será considerado, no mínimo, inadequado. O fato de alguém se dizer cristão, mas procurar um relacionamento com Deus apenas em uma data específica do ano, não faz dessa pessoa um cristão verdadeiro. Repito: esse é o tipo de natal do "bom" velhinho e não o verdadeiro natal cristão.

O "bom" velhinho é preferido justamente porque ele é "bom". Não que Jesus não seja, ao contrário, Ele é, na verdade, o Sumo Bem. O problema está na definição humana disso, pois, na maioria das vezes, o bem e o bom são completamente alijados do conceito de justiça. O professor "bom" é o que passa todos os alunos; o pai "bom" é o que faz todas as vontades do filho sem, contudo, exercer qualquer disciplina; o chefe "bom" é o que oferece muito e cobra pouco. Papai Noel está sempre sorrindo e sua presença significa apenas presentes; nenhuma cobrança, nem reprimenda. Não é a toa que a Bíblia diz: “Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer.” (Romanos 5:7) Há uma predileção pelo “bom” em detrimento do Justo.

O nível de comprometimento requerido por Jesus àqueles que com Ele querem se relacionar não O faz ser mais simpático ao pecador. Aos olhos deste, o "bom" velhinho exerce um carisma muito maior mas, por outro lado, o presente que o ser humano realmente precisa não pode ser encontrado em seu trenó. “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.” – disse Jesus (Jo 10.28). Precisamos da vida eterna e, consequentemente, precisamos do Salvador.
O Natal, então, é época de refletirmos sobre nossa espiritualidade. Precisamos avaliar se não está justamente na fraqueza de nosso coração a razão pela qual o bom velhinho nos atrai tanto. Necessitamos reconhecer que só há motivos reais de comemoração para aqueles que festejam o nascimento do Redentor, o único capaz de trazer o maior de todos os presentes que é a Vida Eterna:



“Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17:3)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Pregação ou Teatro de Bonecos? (Blog Emunah)



Na pregação hodierna — cada vez mais interativa e pouco expositiva —, o comportamento dos pregadores e a reação do público se parecem muito com o teatro de bonecos. O manipulador, nessa modalidade teatral, é aquele que dá vida e expressão aos bonecos nos seus mais variados formatos. Nos grandes congressos evangélicos, a diferença é que o manipulador é chamado de pregador, e o objeto de sua manipulação são multidões incautas. Conheçamos alguns tipos de crentes que se deixam manipular: 

CRENTE MARIONETE. Marionetes são os mais elaborados bonecos entre os vários tipos usados no teatro. Geralmente, são construídos com madeira, com articulações nos pulsos, cotovelos, ombros, cintura, quadris, joelhos e, ocasionalmente, pescoço e tornozelos. Uma marionete padrão é movimentada através de uma série de nove fios que obedece à seguinte distribuição: um para cada braço, um para cada perna, dois para a cabeça, um para cada ombro e um para as costas. Os fios de sustentação da marionete são ligados a um controle central de madeira em forma de cruz que é movimentado por uma única mão do manipulador. Os pregadores manipuladores também têm os seus “fios”, isto é, os seus clichês, as suas frases de efeito, para mecanizar o culto e manipular o povo, afastando-o da Palavra de Deus e do Deus da Palavra: “Quem nasceu para vencer levante a mão”, “Aperte a mão do seu irmão até que ele diga ‘aleluia’”, “Tire o pé do chããão”, etc. Mas veja que curioso! Na manipulação de marionetes há uma cruz na mão do manipulador! E, na pregação moderna, não existe mais cruz! Além disso, o pregador não está mais na mão do Senhor, o Controlador de todas as coisas! 

CRENTE FANTOCHE. A montagem do fantoche é feita numa luva, calçada na mão do manipulador, que dá movimento ao boneco. Ele tem tamanho e gestos limitados às dimensões e possibilidades gestuais do operador. A sua construção é relativamente simples: cabeça e mãos são feitas geralmente de material resistente, como madeira, unidas entre si por uma roupa folgada de tecido aberta atrás, por onde é introduzida a mão do manipulador. Pregadores manipuladores costumam ter facilidade para enganar crentes fantoches, que costumam ser “cabeça dura”, por não frequentarem a Escola Bíblica Dominical e os cultos ensino da Palavra, além de fazerem “corpo mole” para a obra de Deus. Esses crentes não têm firmeza e vivem atrás de movimentos. Quando ficam diante de um manipulador, comportam-se como se estivessem hipnotizados e obedecem a todas as suas ordens... Certos milagreiros, à semelhança dos manipuladores de fantoches, que introduzem a mão no interior do boneco, têm conseguido tocar na alma de crentes desavisados, fazendo-os ter sentimentos nunca antes experimentados! Alguns, ao ouvirem esses “pregadores”, caem ao chão anestesiados, riem sem parar, rugem, latem, unem as mãos e não conseguem mais separá-las, etc. E assim caminha o teatro, ops!, o culto “evangélico”, sem pregação expositiva da Palavra de Deus e muita hipnose, considerada hoje uma grande manifestação do Espírito! 

CRENTE MAMULENGO. Mamulengo é uma corruptela de “mão molenga” e alude a um tipo de boneco comum nos teatros do Nordeste do Brasil. O manipulador — ou mamulengueiro — emprega um tom bastante crítico nos diálogos e improvisa bastante, ao fazer piadas de humor pesado, que ridicularizam fatos ou pessoas da comunidade. Não é difícil de identificar os mamulengueiros e os mamulengos no meio “evangélico”. Ambos, ignorando o evangelho cristocêntrico, valorizam as pregações e as canções revanchistas, ridicularizadoras, zombeteiras, pelas quais se tripudia dos inimigos, que não são as hostes do mal, o mundo ou a carne. Os seus inimigos são os seus vizinhos, patrões, colegas de trabalho e irmãos que os viram na prova e os não ajudaram, e agora são hostilizados “entre a plateia” por aqueles que estão no palco... 

CRENTE JÔRURI. Comum nos teatros de bonecos do Japão, o jôruri adquiriu grande requinte a partir do século XVIII, com movimento de olhos e articulação dos dedos. Mas a sua movimentação não é fácil. São necessários três manipuladores: o mestre, vestido com traje cerimonial, responsável pela cabeça e o braço direito, e dois manipuladores assistentes, vestidos de preto e com um capuz cobrindo o rosto. O crente jôruri geralmente é classe média alta e catedrático. Não é fácil manipulá-lo. Clichês de autoajuda como “Ouse sonhar” não funcionam com ele. Ele é muito racional e submete tudo ao teste da lógica. Para convencê-lo, é preciso um manipulador-mestre — capaz de mexer com a sua cabeça e com a sua mão direita, induzindo-o a colocá-la no bolso! Um dos mais famosos manipuladores de crente jôruri da atualidade tem nome e sobrenome estrangeiros e é conhecido como o homem mais sábio do mundo. Não há rico e intelectual que resista aos seus argumentos! Dizem que ele, quando usa a “sua sabedoria” e conta com a ajuda de seus assessores (bispos e apóstolos brasileiros), consegue arrecadar dinheiro até para comprar jatinhos! Fazer o quê? Na falta de exposição da Palavra de Deus, sobram as representações teatrais. E aumenta cada vez mais o número de manipuladores e manipulados nesse grande circo, ops!, grande teatro que se tornou o culto “evangélico” nesses tempos pós-modernos.


sábado, 7 de dezembro de 2013

Clichês, bordões ou jargões pseudointelectuais no meio cristão (parte III) [Tudo é Fé]




"Teologia faz a pessoa virar atéia/ateu''.

A pessoa que pensa isso talvez pense que teologia é um assunto, curso, tipo de conhecimento, no qual tem mais questões contra a fé cristã do que a favor do conhecimento de Deus, da religião.
Em um curso de teologia tem ateus, sim.
Mas ele não persuade uma pessoa a se tornar ateísta, afinal é um curso onde se obtêm conhecimento.
E onde a pessoa se tornará teólogo, e não ''ateístólogo''.
Também vale lembrar que teologia não se refere somente a um curso que se faz numa igreja, ou numa universidade.
Teologia cristã  tem mais relação com conhecimento acerca de quem é Deus, acerca das Escrituras, acerca da fé cristã, do que relação com a transformação de um indivíduo cristão em ateísta.


"Não precisamos de teologia"

 Simples! Jogue a bíblia pela janela então.
Muitos tem distorcido o que é teologia, e condenando-a como se fosse algo vindo diretamente de Satanás.

Teologia, como alguns pensam, não se refere somente a um curso acadêmico.
Oras, teologia é "a ciência que trata de Deus em Si mesmo e em relação com a Sua obra." (B.B. Warfield).
Como alguém pode ser cristão, sem conhecer à Deus?
Deus se revela tanto pela Sua criação, quando pelas Escrituras. E a teologia não é um meio de inventar teorias sobre Deus, mas se detém a compreender Sua revelação sobre Si mesmo, através de Suas obras e das Escrituras.
Todo cristão que se preze é um teólogo.



"Sou perseguido porque sigo a Cristo" (e as vezes nem é por isso)
"Se sou perseguido, é porque estou certo" (Edir Macedo que o diga né?)

 Ok! Então todas as religiões estão certas, já que todas, de alguma forma são perseguidas.
Muçulmanos são logo taxados de terroristas, mesmo isso não sendo um ensino do Alcorão, mas apenas grupos específicos de pessoas que são muçulmanas que fazem isso. Testemunhas de Jeová estão certíssimos então, já que são muito ridicularizados, ainda mais por terem o costume de ir na casa das pessoas de manhã, geralmente em duplas.
A perseguição pelo que você fala (mesmo que sejam coisas religiosas, que não são necessariamente coisas cristãs) ou faz, não está vinculada a você ser cristão (de fato).
Já ouvi de um Testemunha de Jeová que a ridicularização que muitos fazem contra este grupo é a prova de que eles são o grupo eleito de Deus.
Quando Cristo disse aos discípulos (fazendo também alusão a perseguição aos cristãos futuramente) que eles seriam  perseguidos por conta de Seu nome (Mateus 10.15-31) referia-se àqueles que verdadeiramente pregam o Evangelho e não a qualquer um que se sentisse perseguido por conta da doutrina que segue, afinal, o Evangelho não tem variações pra tal instrução.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Clichês, bordões ou jargões pseudointelectuais no meio cristão (parte II) [Tudo é Fé]



E aqui estamos com mais uma lista simples sobre frases que cristãos, e até mesmo não cristãos, dizem, distorcendo o sentido da mesma, e por vezes apelando ao emocional, para que a ouvinte caia na ladainha de que a frase é exatamente do jeito que o locutor está dizendo que é.
Vamos as frases:

"Ame ao próximo como a ti mesmo" ou "ame seus inimigos":

Não é raro, em uma simples conversa, onde se é discute, por exemplo, sobre direitos de alguém, ou certo grupo, ou se faz uma crítica sobre a atitude de alguém com respaldo, com justificativa, com embasamento (em relação aos cristãos, julgando conforme a reta justiça), ouvir da outra pessoa que você não está amando ao próximo como a si mesmo, ou não está amando o seu inimigo apenas porque você fez uma crítica sobre a atitude desta pessoa, ou algo que esta pessoa fez.
É claro que sair apontando o dedo e ofendendo, e ridicularizando tudo e todos não é atitude de um cristão (e se alguém que se diz cristão faz isso, é melhor se desconsiderar cristão), mas defender o ''amor ao próximo" como forma de excluir, extinguir toda e qualquer crítica a respeito de um erro, é querer liberdade para praticar a libertinagem, é querer não ter limites, não ser corrigido, prosseguir no erro e querer que todos concordem em "amor à ele".
Interessante que o próprio Deus exorta a quem ama (Jó 5.17-18; Hb 12.6), mas muitos ''crentes" em Deus não gostam de corrigir e nem serem corrigidos, por pensarem que isto representa falta de amor ao próximo (ou a ele).


"Você não deve criticar, mas amar a pessoa''

Este não é muito diferente do anterior.
Isso geralmente é dito tanto por quem não é cristão, com o intuito de dar um "puxão de orelha" no cristão. Como se falar contra um ato fosse deixar de amar a pessoa, como também é dito por cristãos que, muitas vezes, não conhecem a Palavra a fundo e, pensam que amar alguém, sendo um cristão, é nunca corrigir a pessoa, nunca contrariar a pessoa, nunca mostrar no que a pessoa deve mudar ou melhorar.
Oras, um pai repreende o filho a quem ama.
O amor não impede de corrigir alguém.
Deus nos corrige, justamente porque nos ama.


"O importante é que o evangelho está sendo pregado''

Você ouve isto e vai ver como está "sendo pregado o evangelho" e percebe que tem um louco gritando num show "gospel", um maluco cheirando a Bíblia, um outro doido comendo a Bíblia (literalmente), um outro se rastejando que nem cobra dentro da igreja durante o que teria que ser um culto a Deus, com pregação da Palavra.
Nunca este versículo foi tão deturpado e usado a esmo:

De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.17)

Muito fala-se sobre avivamento, sobre encher-se do Espírito Santo, mas pouco se prega a Palavra.
Como se ser cheio do Espírito Santo fosse algo que ocorresse isolado da Palavra.
É muito simples saber quando a balbúrdia e sentimentalismo está no lugar da pregação da Palavra: faça de conta que você é um visitante (isso se você realmente não for um visitante) não convertido da igreja onde está.
Se há pessoas se jogando no chão, gritando durante a pregação de forma a atrapalhá-la, como você se sentiria?
Eu me sentiria esquisita.
Me sentiria estranha por não estar me jogando no chão ou gritando a esmo, porém não faria isso por achar ridículo, e/ou também acharia que ali tem um "bando de louco, louco por ti, sentimentalismo, balbúrdia".


"Deus odeia o pecado, mas ama o pecador"

Este é um clichê gospel que, lendo-o ou ouvindo-o, a primeira vista, por ser bonito, parece verdadeiro. Mas não é.
Desta forma com a qual ele é exposto, ele é uma mentira que parece ter respaldo bíblico, mas não tem.
Deus ama o pecador? Não.
Deus ama o pecador arrependido, que o busca, que pegou a sua cruz e segue a Cristo? Sim.
A frase clichê está mal formulada e, mesmo assim é usada para espalhar o evangelho.
É claro que é mais fácil expor o evangelho de maneira amigável, amorosa, como a que a frase representa.
Mas há outras formas de fazer isso, sem propagar uma mentira camuflada, como esta frase é.
Sobre o assunto, deixo 1 vídeo curto que esclarece o porque de Deus odiar o pecador, os filhos da ira.





Deus usa as coisas loucas deste mundo".

É claro que Deus usa. Porém tal frase (versículo) por vezes é dito para qualquer bobagem que fazem "em nome de Deus".
Certo dia, no Youtube, num vídeo do cantor Thalles Roberto, onde houveram vários comentários contra e a favor da música que ele estava lançando, uma fã deste cantor, para justificar a letra da música disse: Deus usa as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias.
O problema é que estão usando tal versículo pra tentar respaldar músicas, atitudes, ideologias antibíblicas.
As pessoas pensam que ''coisas loucas" são coisas que alguém faz que são bobas, ou que poucos têm coragem de fazer, ou que supostamente atraem várias pessoas ao "evangelho".
Um exemplo disso?
Não é raro ver páginas de rock cristão que ao invés de divulgarem o estilo musical como também um meio de se cantar o evangelho, preferem ficar com posts com tal frase clichê, com fotos com indivíduos cheios de tatuagens, alargadores e piercings (e o uso disto já é algo para ser tratado num próximo post).
Não vou entrar no mérito de como as pessoas estão vestidas em tais fotos, ou dos apetrechos que usam (não agora), mas eu gosto de rock.
Em meus tempos antes da conversão, ouviu Metallica, System Of A Down, Linkin Park, entre outros.
Ainda hoje gosto de rock, e tem bandas cristãs ótimas por aí que tocam o tipo de rock que gosto, mas nem por isso uso roupas extravagantes, piercings, alargadores, cabelos coloridos igual de animes e mangás.
Mas o problema não é este. O problema é usar a imagem de um cristão que usa tais apetrechos e dizer "Deus usa as coisas loucas do mundo", querendo justificar que é preciso ser de tal forma pra Deus te usar.
Claro que Deus usa quem quiser, até um metaleiro cabeludo.
Mas as coisas loucas que Deus usa não são estas.
Aliás, estas que dizem ser coisas loucas, são coisas totalmente comuns no mundo.
A sociedade já dispõe de metaleiros, pessoas com piercings, alargadores, vestimentas extravagantes.
A sociedade já dispõe de cantores que gritam em shows, fazendo malabarismos com a voz, que gritam "Uooohh'' e o povo repete, como se fosse alguma brincadeira do tipo "siga o mestre" (mas o mestre não é Jesus neste caso, não é mesmo?)
Então, o que há de louco e divino nisso?
Nada!
No texto onde é dito que "Deus usa as coisas loucas", isto é dito para mostrar a humildade inimaginável de Deus ao se identificar com o  judeu marginalizado e crucificado, que refletiu no caráter "comum", de modo geral, dos que recebiam a mensagem do evangelho.
Mas, vendo isto de "fora", é visto como algo louco.
Ora, para o mundo, ser cristão é algo ridículo. Coisa de pessoas idiotas.
Mas para o cristão, ser como Cristo, é algo comum.
Jesus, seu modo de viver, sua humildade, foi uma das "coisas loucas usadas" por Deus para confundir as coisas sábias deste mundo.
Não é necessário ter vestimentas espalhafatosas, apetrechos extravagantes, vocabulário chulo só para parecer humilde. Basta ser como Cristo.

sábado, 23 de novembro de 2013

Clichês, bordões ou jargões pseudointelectuais no meio cristão [Parte I] (Tudo é Fé)




Quem nunca ouviu de alguém, em meio a uma conversa que flui para o lado religioso, a expressão "religião não se discute''?
Ou talvez um "Deus olha o coração'', normalmente dito por quem sequer tem afinco na obra e na fé em Deus?
Ou quem sabe o "não julgue para não ser julgado".
Não é raro ouvir isso, não é mesmo?
E o interessante é que, normalmente são expressões ditas por quem não é cristão, não vive uma vida para Deus, com Deus, e usam tais expressões para não permitir que um conceito ou ato errado seja corrigido ou criticado.
Analisando cada um dessas expressões, vemos que por trás da ''beleza'' de mencioná-las, há erros básicos:


1) Religião (bem como futebol e política) não se discute:

   Primeiro que, isto deixou de ser verdade há tempos, pois política é discutível, senão sem informação e discussão sobre o que é viável, todos se tornam meros leigos, fantoches do sistema político. Atualmente só é fantoche quem quer neste meio.
Futebol então, é mais discutido que política ultimamente.
Mas e religião?
Me lembrei de um ocorrido estes dias em que um rapaz mencionou que ele pode fazer o que quiser da vida, pois Deus deu o livre arbítrio, e que ele sendo batizado em uma igreja (não me recordo o nome) já estaria desta forma, salvo. Porém quando lhe perguntei se ele leu o versículo todo do ''tudo é permitido, mas nem tudo convém'', ele simplesmente veio com este jargão "religião não se discute", embora eu seja da mesma religião que ele diz seguir. 

Oras, " Ora, Paulo segundo o seu costume, foi ter com eles; e  por três sábados discutiu com eles as Escrituras...Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos." (Atos 17:2 - 18:4). 
Claro que o "discutir as Escrituras'' que Paulo fazia, e que devemos fazer, não tem relação com discutir a ponto de ir contra sua inerrância, ou discutir para forçar a outra pessoa a acreditar.
Afinal, já sabemos que não por força, nem por violência, mas sim pelo Espírito Santo de Deus que a pessoa é convencida da verdade.
Mas a discussão de Paulo era com o intuito de ampliar o conhecimento a respeito das Escrituras e ensiná-las aos outros.
Então, religião, mais especificamente, as Escrituras, pode ser discutida, para poder ser ensinada sim!

2) Deus olha o coração

   Não vou discordar desta afirmativa, pois Deus olha no seu coração para saber onde ele está, no que seu coração tem foco. (1 Samuel 16:7 , 1 Crônicas 28:9))
Se está em bens materiais, no namorado, na profissão.
Pois o coração, segundo a bíblia, deve estar em Deus.
Mas é interessante notar que, normalmente quem menciona isso é alguém que não tem uma vida cristã, então já lança esse jargão ao ar para parecer que é super culto com relação a vontade de Deus, e para parecer que tem o coração que agrada a Deus.
O problema que nem sempre é assim.
Para esta afirmativa, quando feita por alguém que anda fraco na fé e nas obras, há uma resposta simples: Sim, Deus olha o coração. Mas Ele quer que o coração esteja voltado para Ele, sem estar pecando propositalmente, e achar que Deus está contente com o que se encontra no seu coração.
Afinal só boas obras não salva ninguém. E a fé te obriga a fazer obras e andar conforme a vontade de Deus.


3) Não julgueis para que não sejas julgado

E antes que alguém mencione isto para mim ao ler o tópico 1 e 2, já vou explicar a má aplicação do versículo de Mateus 7:1.
Normalmente este versículo é mencionado como forma de coibir o outro de expressar sua opinião sobre uma atitude, palavra alheia. Mesmo que está pessoa esteja tentando mostrar um caminho, uma resposta mais plausível para a situação em questão.
Mas Jesus diz para não julgar conforme a aparência das coisas, mas julgar segundo a reta justiça (João 7:24), ou seja julgar conforme a Palavra de Deus.
O que estiver contra pode ser julgado, exposto o erro para assim ser corrigido.
Afinal como os cristãos poderiam então corrigir o que é mal, já que, em ''teoria leiga'', não se pode julgar nada nem ninguém.
Pode julgar, mas conforme as diretrizes bíblicas.
Não é pra sair ofendendo e discriminando a esmo, mas basear-se nas Escrituras e procurar falar a verdade contida nela é o correto.
O correto é ser humilde, usando a Palavra de Deus para abrir os olhos das pessoas quanto à verdade(1 Coríntios 4:6), para que elas venham a se arrepender dos pecados, buscar o caminho de Deus, mediante a Fé em Cristo.

domingo, 17 de novembro de 2013

O desenvolvimento do Cânon do Antigo Testamento (Milhoranza)


A história da canonização da Bíblia é muito fascinante. À medida que Deus ia revelando sua palavra e o Espírito santo movendo seus profetas, nenhum deles tinha em mente como seu “capítulo” iria se encaixar no plano global do Senhor. E cada um destes capítulos nos mostra o grande amor de Deus pela humanidade e o plano maravilhoso da redenção, que só poderia vir de Deus que fez e sustenta todo universo.

Algumas distinções importantes
Os três passos mais importantes no processo de canonização
Há três elementos básicos no processo de canonização: a inspiração de Deus, o reconhecimento pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados. A inspiração cabia ao próprio Deus, mas os dois passos seguintes, Deus os incumbiria a seu povo.
Inspiração de Deus – Deus deu o primeiro passo na canonização da Bíblia, quando ele mesmo os inspirou. O povo de Deus não teria como reconhecer a inspiração de um livro, se Deus mesmo não tivesse dotado os 39 livros que compõem o Velho Testamento, de autoridade divina.
Reconhecimento por parte do povo de Deus – Quando Deus dotava algum livro de autoridade, seu povo o reconhecia. Este reconhecimento ocorria imediatamente pela comunidade para a qual o livro foi destinado. Os escritos de Moisés foram reconhecidos em seus dias (Êxodo 24:3), como também os de Josué (Josué 24:26), os de Samuel (I Samuel 10:25) e os de Jeremias (Daniel 9:2). Este reconhecimento seria confirmado pelos crentes do Novo Testamento e também por Jesus.
Coleção e preservação pelo povo de Deus – O povo de Deus colecionava e guardava sua Palavra. Os escritos de Moisés foram colocados na arca (Deuteronômio 31:26). As palavras de Samuel foram colocadas num livro e o pôs perante o Senhor (I Samuel 10:25). A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (II Reis 23:24). Daniel tinha uma coleção da lei de Moisés e dos profetas (Daniel 6:13; 9:2). Os crentes do Novo Testamento tinham toda Escritura do Velho Testamento (II Timóteo 3:16), tanto a Lei como os Profetas (Mateus 5:17).
A diferença entre os livros canônicos e outros escritos religiosos
Apesar da importância que alguns livros tinham, assim como: Livro dos justos (Josué 10:13) e o Livro das Guerras do Senhor (Números 21:14), nem todos os escritos eram considerados canônicos.
Os livros apócrifos, escritos após o período do Velho Testamento (c. 400 a.C.), tinham seu valor religioso definido, porém jamais foram delimitadores da fé, doutrina e conduta cristãs, diferentemente dos escritos inspirados e dotados da autoridade divina, pois têm autoridade sobre os crentes.
Nenhum artigo de fé deve basear-se num livro não-canônico, não importando o valor religioso do mesmo.
A verdade transmitida pelos livros inspirados é que constitui o fundamento das verdades da fé.

A diferença ente canonização e categorização dos livros da Bíblia
Tem havido muita confusão quanto à data dos escritos sagrados e sua canonização. A quem defenda que a canonização foi modular. Ou seja, seguindo as datas das seções do Velho Testamento:
  • Lei (c. 400 a.C.)
  • Profetas (c. 200 a.C.)
  • Escritos (c. 100 a.C.)
Porém, algumas seções, assim como os Escritos foram reagrupados diversas vezes desde que foram redigidos e foram aceitos antes mesmo dessas datas e reagrupamentos, como veremos em breve.

Compilação Progressiva dos livros do Velho Testamento
A evidência da coleção progressiva dos livros proféticos
Desde o início, os escritos proféticos eram reunidos e guardados, tidos como inspirados e autorizados por Deus.
  • As leis de Moisés foram preservadas ao lado da arca da aliança (Dt. 31:24-26) e posteriormente no templo (2Rs. 22:8)
  • Josué acrescentou suas palavras no livro da lei de Deus (Josué 24:26)
  • Samuel informou o povo sobre os deveres do rei e escreveu em um livro e o pôs diante do Senhor (I Samuel 10:25)
  • Ezequiel nos informa que havia um registro oficial de profetas e seus escritos no templo (Ezequiel 13:9)
  • Daniel refere-se aos livros que continham a “Lei de Moisés” e os “Profetas” (9:2,6,11)
Esta evidência de coleção progressiva dos escritos dos profetas se confirma pelo uso dos escritos dos profetas antigos feitos pelos profetas que viriam mais tarde.
  • Os livros de Moisés são citados por todo Velho Testamento. Desde Josué (1:7) até Malaquias (4:4)
  • Os livros de Reis citam a vida de Davi conforme narrada nos livros de Samuel
  • Crônicas faz uma revisão da história de Israel desde Gênesis até Reis, incluindo o elo genealógico mencionado apenas em Rute (I Crônicas 2:12-13)
  • Neemias 9 resume a história de Israel conforme registro de Gênesis a Esdras
  • Há referências aos Provérbios de Salomão e ao Cântico dos cânticos (I Reis 4:32)
  • O profeta Jonas recita partes de muitos Salmos (Jonas 2)
  • Ezequiel menciona Jó e Daniel (Ezequiel 14:14-20)
Nem todos os livros são citados em livros posteriores, porém há evidências suficientes para provarmos que existia uma coleção progressiva dos escritos considerados divinos e dotados de autoridade e inspiração.
A evidência da continuidade profética
Durante a coleção dos escritos proféticos, houve uma continuidade dos eventos e profecias narradas pelos seus autores. Os cinco primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés. O próximo livro é o de Josué, porém vemos que o capítulo final de Deuteronômio narra a morte de Moisés. Por não ser um escrito profético, mas sim a narração de um fato da época, entendemos que não pode ter sido Moisés quem escreveu o final do livro de Deuteronômio. Provavelmente teria sido Josué, já que foi o sucessor de Moisés. E em seu livro o primeiro capítulo continua os eventos imediatos acontecidos após a morte de Moisés. (Josué 1:1).
Juízes retoma a narrativa de onde parou o livro de Josué. Porém este registro só se completou nos dias de Samuel, como podemos observar pela frase “Naqueles dias não havia rei em Israel” (Juízes 17:6; 18:1; 19:1; 21:25). Depois disso a continuidade profética se estabeleceu com a criação de uma escola de profetas dirigida por Samuel(I Samuel 19:20). Desta escola sairiam vários livros que cobririam a história do povo de Israel e Judá no período dos reis e profetas. Vejamos:
  • A história de Davi foi escrita por Samuel (I Samuel), por Natã e por Gade (I Crônicas 29:29)
  • A história de Salomão foi escrita por Natã, Aías e Ido (II Crônicas 9:29)
  • Os atos de Roboão foram escritos por Semaías e Ido (II Crônicas 12:15)
  • A história de Abias foi acrescentada pelo profeta Ido (II Crônicas 13:22)
  • A história do reinado de Josafá  foi registrada pelo profeta Jeú (II Crônicas 20:34)
  • A história do reinado de Ezequias foi registrada por Isaías (II Crônicas 32:32)
  • A história do reinando de Manassés foi registrada por profetas anônimos (II Crônicas 33:19)
  • Os demais reis também tiveram suas histórias registradas pelos profetas (II Crônicas 35:27)
Podemos perceber que os livros de Samuel, Reis e Crônicas não são idênticos aos livros mencionados acima. Nos parece que os livros do cânon do Velho Testamento são pequenos textos tirados de narrativas mais longas, como demonstra a frase “e os demais atos” do rei tal estão escritos no livro tal do profeta tal, isso demonstra claramente a sucessão profética iniciada por Samuel.
Notem que não houve menção a Jeremias, mesmo escrevendo antes e durante o exílio, ter escrito uma dessas histórias. Porém, Jeremias era um profeta, historiador e escritor, como claramente afirma em várias ocasiões: Jeremias 30:2; 36:1-2; 45:1-2; 51:60-63.
Podemos verificar que o último capítulo de II Reis corresponde aos capítulos 39, 40 e 41 e 52 de Jeremias.
Estes são indícios de que ele era responsável por ambos os livros. Mais tarde, no exílio, disse ter acesso aos livros de Moisés e dos profetas. Menciona não só Jeremias, mas também cita a predição do cativeiro no capítulo 25 (Daniel 9:2,6,11). Com base nisso é razoável supor que os resumos dos escritos proféticos tenha tomado a forma dos livros dos Reis. Desta forma, a continuidade profética a partir de Moisés, Josué e Samuel se completaria com as obras de Jeremias.
Durante o exílio, Daniel e Ezequiel continuaram o ministério profético. Ezequiel reconheceu um registro oficial de profetas nos arquivos do templo (Ezequiel 13:9). Ezequiel se referiu a Daniel como um “notável servo de Deus” (Ezequiel 14:14-20). Visto que Daniel possuía cópia dos livros de Moisés e dos profetas, dos quais o livro de Jeremias, podemos presumir razoavelmente que a comunidade judaica no exílio babilônico possuía os livros de Gênesis a Daniel.
Depois do exílio, Esdras voltou da Babilônia levando consigo os livros de Moisés e dos profetas (Edras 6:18 – Neemias 9:14,26-30). Nos livros de Crônicas sem dúvida ele registrou seu relato sacerdotal da história de Judá e do templo (Neemias 12:23). Crônicas está ligado a Esdras-Neemias pela repetição do último versículo de um, como o primeiro versículo do outro.
Com Neemias completa-se a cronologia profética. Cada profeta, desde Moisés até Neemias contribuiu para a crescente coleção de livros, que foi preservada pela comunidade dos profetas a partir de Samuel.
Até agora não existem evidências de que outros livros, houvessem alcançado canonização depois dessa época (c. 400 a.C.)
A evidência de que o cânon do Velho Testamento se concluiu com os profetas
Vimos que toda Escritura hebraica havia sido colecionada ao longo dos anos pelos profetas que Deus havia levantado.
Vimos também que houve continuidade nestes escritos. Cada novo profeta se apoiava na autoridade dos escritos do profeta anterior e juntava seus escritos aos escritos anteriores.
Na época de Neemias (c. 400 a.C.), os profetas já haviam produzido todo cânon hebraico, ou seja, os 24 livros que compõem a Bíblia hebraica.
O Novo Testamento cita praticamente todos os livros do cânon hebraico sem fazer menção a nenhum livro posterior a Malaquias.
Jesus parece colocar parâmetros no cânon do Velho Testamento, quando em Mateus 23:35 faz menção ao sangue de Abel, citando o livro de Gênesis, e mencionando o sangue de Zacarias(filho do sacerdote Joiada), citando o livro de II Crônicas (24:20-22), último livro do cânon hebraico.
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