quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Clichês, bordões ou jargões pseudointelectuais no meio cristão (parte II) [Tudo é Fé]



E aqui estamos com mais uma lista simples sobre frases que cristãos, e até mesmo não cristãos, dizem, distorcendo o sentido da mesma, e por vezes apelando ao emocional, para que a ouvinte caia na ladainha de que a frase é exatamente do jeito que o locutor está dizendo que é.
Vamos as frases:

"Ame ao próximo como a ti mesmo" ou "ame seus inimigos":

Não é raro, em uma simples conversa, onde se é discute, por exemplo, sobre direitos de alguém, ou certo grupo, ou se faz uma crítica sobre a atitude de alguém com respaldo, com justificativa, com embasamento (em relação aos cristãos, julgando conforme a reta justiça), ouvir da outra pessoa que você não está amando ao próximo como a si mesmo, ou não está amando o seu inimigo apenas porque você fez uma crítica sobre a atitude desta pessoa, ou algo que esta pessoa fez.
É claro que sair apontando o dedo e ofendendo, e ridicularizando tudo e todos não é atitude de um cristão (e se alguém que se diz cristão faz isso, é melhor se desconsiderar cristão), mas defender o ''amor ao próximo" como forma de excluir, extinguir toda e qualquer crítica a respeito de um erro, é querer liberdade para praticar a libertinagem, é querer não ter limites, não ser corrigido, prosseguir no erro e querer que todos concordem em "amor à ele".
Interessante que o próprio Deus exorta a quem ama (Jó 5.17-18; Hb 12.6), mas muitos ''crentes" em Deus não gostam de corrigir e nem serem corrigidos, por pensarem que isto representa falta de amor ao próximo (ou a ele).


"Você não deve criticar, mas amar a pessoa''

Este não é muito diferente do anterior.
Isso geralmente é dito tanto por quem não é cristão, com o intuito de dar um "puxão de orelha" no cristão. Como se falar contra um ato fosse deixar de amar a pessoa, como também é dito por cristãos que, muitas vezes, não conhecem a Palavra a fundo e, pensam que amar alguém, sendo um cristão, é nunca corrigir a pessoa, nunca contrariar a pessoa, nunca mostrar no que a pessoa deve mudar ou melhorar.
Oras, um pai repreende o filho a quem ama.
O amor não impede de corrigir alguém.
Deus nos corrige, justamente porque nos ama.


"O importante é que o evangelho está sendo pregado''

Você ouve isto e vai ver como está "sendo pregado o evangelho" e percebe que tem um louco gritando num show "gospel", um maluco cheirando a Bíblia, um outro doido comendo a Bíblia (literalmente), um outro se rastejando que nem cobra dentro da igreja durante o que teria que ser um culto a Deus, com pregação da Palavra.
Nunca este versículo foi tão deturpado e usado a esmo:

De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.17)

Muito fala-se sobre avivamento, sobre encher-se do Espírito Santo, mas pouco se prega a Palavra.
Como se ser cheio do Espírito Santo fosse algo que ocorresse isolado da Palavra.
É muito simples saber quando a balbúrdia e sentimentalismo está no lugar da pregação da Palavra: faça de conta que você é um visitante (isso se você realmente não for um visitante) não convertido da igreja onde está.
Se há pessoas se jogando no chão, gritando durante a pregação de forma a atrapalhá-la, como você se sentiria?
Eu me sentiria esquisita.
Me sentiria estranha por não estar me jogando no chão ou gritando a esmo, porém não faria isso por achar ridículo, e/ou também acharia que ali tem um "bando de louco, louco por ti, sentimentalismo, balbúrdia".


"Deus odeia o pecado, mas ama o pecador"

Este é um clichê gospel que, lendo-o ou ouvindo-o, a primeira vista, por ser bonito, parece verdadeiro. Mas não é.
Desta forma com a qual ele é exposto, ele é uma mentira que parece ter respaldo bíblico, mas não tem.
Deus ama o pecador? Não.
Deus ama o pecador arrependido, que o busca, que pegou a sua cruz e segue a Cristo? Sim.
A frase clichê está mal formulada e, mesmo assim é usada para espalhar o evangelho.
É claro que é mais fácil expor o evangelho de maneira amigável, amorosa, como a que a frase representa.
Mas há outras formas de fazer isso, sem propagar uma mentira camuflada, como esta frase é.
Sobre o assunto, deixo 1 vídeo curto que esclarece o porque de Deus odiar o pecador, os filhos da ira.





Deus usa as coisas loucas deste mundo".

É claro que Deus usa. Porém tal frase (versículo) por vezes é dito para qualquer bobagem que fazem "em nome de Deus".
Certo dia, no Youtube, num vídeo do cantor Thalles Roberto, onde houveram vários comentários contra e a favor da música que ele estava lançando, uma fã deste cantor, para justificar a letra da música disse: Deus usa as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias.
O problema é que estão usando tal versículo pra tentar respaldar músicas, atitudes, ideologias antibíblicas.
As pessoas pensam que ''coisas loucas" são coisas que alguém faz que são bobas, ou que poucos têm coragem de fazer, ou que supostamente atraem várias pessoas ao "evangelho".
Um exemplo disso?
Não é raro ver páginas de rock cristão que ao invés de divulgarem o estilo musical como também um meio de se cantar o evangelho, preferem ficar com posts com tal frase clichê, com fotos com indivíduos cheios de tatuagens, alargadores e piercings (e o uso disto já é algo para ser tratado num próximo post).
Não vou entrar no mérito de como as pessoas estão vestidas em tais fotos, ou dos apetrechos que usam (não agora), mas eu gosto de rock.
Em meus tempos antes da conversão, ouviu Metallica, System Of A Down, Linkin Park, entre outros.
Ainda hoje gosto de rock, e tem bandas cristãs ótimas por aí que tocam o tipo de rock que gosto, mas nem por isso uso roupas extravagantes, piercings, alargadores, cabelos coloridos igual de animes e mangás.
Mas o problema não é este. O problema é usar a imagem de um cristão que usa tais apetrechos e dizer "Deus usa as coisas loucas do mundo", querendo justificar que é preciso ser de tal forma pra Deus te usar.
Claro que Deus usa quem quiser, até um metaleiro cabeludo.
Mas as coisas loucas que Deus usa não são estas.
Aliás, estas que dizem ser coisas loucas, são coisas totalmente comuns no mundo.
A sociedade já dispõe de metaleiros, pessoas com piercings, alargadores, vestimentas extravagantes.
A sociedade já dispõe de cantores que gritam em shows, fazendo malabarismos com a voz, que gritam "Uooohh'' e o povo repete, como se fosse alguma brincadeira do tipo "siga o mestre" (mas o mestre não é Jesus neste caso, não é mesmo?)
Então, o que há de louco e divino nisso?
Nada!
No texto onde é dito que "Deus usa as coisas loucas", isto é dito para mostrar a humildade inimaginável de Deus ao se identificar com o  judeu marginalizado e crucificado, que refletiu no caráter "comum", de modo geral, dos que recebiam a mensagem do evangelho.
Mas, vendo isto de "fora", é visto como algo louco.
Ora, para o mundo, ser cristão é algo ridículo. Coisa de pessoas idiotas.
Mas para o cristão, ser como Cristo, é algo comum.
Jesus, seu modo de viver, sua humildade, foi uma das "coisas loucas usadas" por Deus para confundir as coisas sábias deste mundo.
Não é necessário ter vestimentas espalhafatosas, apetrechos extravagantes, vocabulário chulo só para parecer humilde. Basta ser como Cristo.
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