segunda-feira, 16 de junho de 2014

Histórico do Movimento de 1844 (CACP)




Tudo começou com um fazendeiro chamado Guilherme Miller. Enquanto estudava sua Bíblia da versão King James, Miller passou a crer que poderia calcular o tempo do retorno de Cristo com base na profecia bíblica. Seus cálculos levaram-no a crer que Cristo retornaria em 1843. Logo começou a compartilhar suas descobertas com outros. Incentivado por alguns, Miller começou a pregar suas teorias nos anos de 1830. Em 1840, Ellen Harmon, com a idade de 13 anos, ouviu sua pregação e tornou-se uma crente no breve retorno de Cristo em 1843. Mais tarde ela escreveu:
“Na companhia de meus amigos, assisti a essas reuniões e ouviu o impressionante anúncio de que Cristo estava voltando em 1843, somente uns poucos anos no futuro. O Sr. Miller expôs as profecias com uma precisão que transmitia convicção aos corações de seus ouvintes. Ele demorava-se sobre os períodos proféticos, e apresentou muitas provas para fortalecer sua posição. (Testimonies, Vol. 1, p. 14) 
Quando Cristo não retornou em 1843 muitos dos seguidores de Miller deixaram o movimento. Miller e seus associados determinaram que um erro havia sido feito nos cálculos da data do retorno de Cristo. Após estudo adicional, estabeleceram que Cristo retornaria no Dia da Expiação, 22 de outubro de 1844*.
Ao falhar a predição novamente, houve um amargo desapontamento. Nos próximos anos, Miller e a maioria dos crentes e principais líderes do movimento admitiram que estavam equivocados e retornaram a suas igrejas anteriores. Alguns poucos que insistiam em que o movimento era de Deus (ou estavam muito envergonhados para voltar a suas antigas igrejas admitindo terem errado) apartaram-se do corpo principal de cristãos e formaram suas próprias igrejas.
Falhas Flagrantes nos Ensinos de Miller 
Quando a mensagem de estabelecimento de data de Miller foi pregada nos primeiros anos da década de 1840, argutos pastores protestantes, eruditos e estudantes da Bíblia imediatamente reconheceram que era uma mensagem errada por várias razões:
1. A mensagem de Miller contradizia a Mensagem de Cristo 
A mensagem opunha-se à vigorosa advertência de Jesus: “Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir”. (Mateus 25:13)
Muitos membros de igrejas protestantes amavam a Cristo e esperavam ansiosamente por Seu retorno, contudo, sentiam que não podiam unir-se a um movimento que se opunha tão flagrantemente às claras palavras de Jesus Cristo.
2. O estabelecimento de data é ensino falso 
Pastores e eruditos protestantes estavam familiarizados com inúmeras pessoas que marcaram datas para o retorno de Cristo. Isso vinha sendo feito por séculos. Eles não podiam deixar de reconhecer que a marcação de data conduz a um falso reavivamento e que amargos desapontamentos que os seguem resultam na destruição da "fé" dos envolvidos. Líderes eclesiásticos reconheceram que a marcação de data sempre foi um instrumento satânico, e não podiam endossar qualquer movimento que se envolvesse com o estabelecimento de uma data para o retorno de Cristo.
3. As profecias não haviam tido cumprimento 
Líderes protestantes estavam cientes de que nenhuma das profecias no livro de Apocalipse e outras partes da Bíblia tinham tido cumprimento em 1844! Um exemplo contra o qual não resta possível argumento, é a predição de Cristo de que o evangelho teria de ser pregado em todo mundo antes de Seu retorno: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho de todas as nações, e então virá o fim”. (Mateus 24:14)
Havia literalmente milhões de indivíduos que falavam milhares de línguas e dialetos que nunca tinham ouvido o evangelho em 1844. Aliás, mesmo hoje ainda restam milhões a carecerem de ouvir a mensagem do evangelho. E em meados do século XIX, sobretudo após 1844, é que se deram os grandes esforços missionários, como o de David Livingstone no continente africano, a expansão da difusão de Bíblias pelas Sociedades Bíblicas, etc. Obviamente, Cristo não poderia ter retornado em 1844, em oposição a Sua própria Palavra.
4. As “provas” de Miller firmavam-se em métodos incorretos de interpretação bíblica 
Outra razão pela qual os líderes protestantes rejeitaram o movimento de 1844 era porque Guilherme Miller empregava uma pobre exegese bíblica ao propor suas “15 provas” do retorno de Cristo em 1844. Eis a primeira de suas “15 provas”:
1) Eu o comprovo pelo tempo dado a Moisés, no capítulo 26 de Levítico, sendo sete tempos o período em que o povo de Deus deve estar sob servidão dos reinos deste mundo; ou em Babilônia, literal e mística; cujos sete tempos não podem ser entendidos a não ser como sete tempos, ou 360 revoluções da Terra em sua órbita, fazendo 2.520 anos. Creio que isso começou, segundo Jeremias 15:4: “E farei com que sejam removidos para todos os reinos da Terra, por causa de Manassés, o filho de Ezequias, filho de Judá, pelo que ele fez em Jerusalém”. E Isaías 7:8: “Pois a cabeça da Síria é Damasco, e a cabeça de Damasco é Resim: e dentro de sessenta e cinco anos, Efraim será despedaçado, para não mais ser um povo”, – quando Manassés foi levado cativo para Babilônia, e Israel não mais era uma nação, – ver cronologia, 2 Crônicas 33:9. “Assim, Manassés fez Judá e os habitantes de Jerusalém errar, e a agir pior do que os pagãos, a quem o Senhor havia destruído perante os filhos de Israel” - o 677º ano A.C. Daí, tome-se 677 de 2.520, ficando 1843 A.D., quando a punição do povo de Deus cessará. (Miller’s Lectures [Conferências de Miller], pág. 251).
Este é um exemplo de uso indiscriminado de “textos-prova” por Miller para demonstrar suas teorias. Atentem a Levítico 26:18: “Se também após essas coisas, não me obedecerdes, então vos punirei sete vezes mais por vossos pecados”.
Esta passagem não diz absolutamente nada sobre a segunda vinda da Cristo! A palavra “tempos” não está no original hebraico neste verso; ao contrário, a ênfase do texto está no grau de punição, não na extensão de tempo.
Logicamente, Miller não teria sabido disso porque não tinha conhecimento de línguas originais. As outras 14 provas que Miller utilizava são também de dúbia validade. Uma das “15 provas” de Miller pontificava que os 2.300 dias de Daniel 8:14 findariam em 1844 com a “purificação do santuário”, que seria a purificação da Terra pelos fogos do Advento. [N.T.: Os que quiserem ter mais informação sobre essas "15 provas" advogadas por Miller em defesa de suas idéias podem solicitar o artigo de nº 24 de nosso "Catálogo - "O Fim do Historicismo, Uma Dissertação Que Dá o Que Pensar, do Dr. Kai Arasola, dirigente adventista na Finlândia, onde expõe suas razões para crer que o historicismo, como ferramenta outrora útil de interpretação bíblica, chegou ao seu fim].
Ellen White descreve triunfalisticamente o Movimento de 1844
Como vimos da discussão acima, os protestantes tinham quatro forte razões, de base bíblica, para rejeitar o movimento de Guilherme Miller. Agora, vejamos como Ellen White encarava o movimento de 1844 e os pastores que o rejeitaram. Eis alguns trechos extraídos das páginas 229-249 de seu livro Early Writings [Primeiros Escritos] dispostos sob subtítulos pertinentes:
A missão de Guilherme Miller assemelhava-se à de João Batista: 
“Assim como João Batista anunciou o primeiro advento de Jesus e preparou o caminho de Sua vinda, Guilherme Miller e os que a ele se uniram proclamaram o segundo advento do Filho de Deus.”
Deus dirigiu Miller em sua compreensão da profecia e anjos deram-lhe assistência nisso: 
“Deus dirigiu a mente de Guilherme Miller para as profecias e concedeu-lhe grande luz sobre o livro de Apocalipse”. “Anjos de Deus repetidamente visitaram aquele escolhido [Miller], para guiar sua mente e abrir ao seu entendimento profecias que sempre foram obscuras para o povo de Deus”.
[Ponderação: Sendo que o entendimento de Miller tinha por base uma metodologia deficiente de estudo da Bíblia, que conduziu a conclusões inexatas e ao desapontamento final, esses anjos parece não lhe terem sido de grande auxílio, afinal de contas.]
Deus estava por detrás do estabelecimento da data 1843: 
“Vi que Deus estava na proclamação do tempo em 1843.”
O estabelecimento da data de 1843 era uma “verdade” pela qual Deus iria provar o Seu povo: 
“Foi Seu desígnio despertar o povo e levá-lo a um ponto de prova, no qual se decidiriam pela verdade ou contra ela.”
O espírito de Elias foi manifestado na proclamação da “verdade”: 
“Milhares foram levados a abraçar a verdade pregada por Guilherme Miller, e servos de Deus foram suscitados no espírito e poder de Elias para proclamarem a mensagem.”
Os que apontavam à advertência de Jesus em Mateus 25:13 eram hipócritas e zombadores: 
“A pregação de tempo definido despertou grande oposição de todas as classes, desde ministros nos púlpitos, até o pecador mais ousado e degradado”. ‘Nenhum homem sabe o dia nem a hora’, era ouvido dos ministros hipócritas e dos ousados zombadores”.
[Ponderação: Os ministros eram tidos por "hipócritas" por lembrarem aos mileritas, dizeres bíblicos que não estavam respeitando, e que, por não os respeitarem, terminaram se dando bem mal. . .]
Pastores que amavam a vinda de Cristo, contudo rejeitavam o estabelecimento de datas eram tidos por “incrédulos” e acusados de que “não amavam a Jesus”: 
“Muitos pastores do rebanho, que professam amar a Jesus, disseram que não se opunham à pregação da vinda de Cristo, mas faziam objeção ao estabelecimento de um tempo definido. O Deus onisciente lia seus corações. Eles não amavam a proximidade de Jesus. Sabiam que em seu estilo de vida descrente não passaria pelo teste, pois não estavam andando nas veredas de humildade a eles assinaladas por Ele”.
Somente os justos aceitaram e creram na mensagem de estabelecimento de tempo: 
“Os mais dedicados alegremente receberam a mensagem. Eles sabiam que procedia de Deus”.
O “erro” de estabelecer o tempo em 1843 foi culpa de Deus: 
“Sua mão cobriu um erro na contagem dos períodos proféticos.”
Deus desejava que o Seu povo fosse desapontado: 
“Deus designou que o Seu povo enfrentasse um desapontamento.”
Após o desapontamento de 1843, os que deixaram o movimento de marcação de data rejeitaram a Deus e uniram-se a Satanás:
“Satanás e seus anjos triunfaram sobre eles. . . . Não perceberam que estavam rejeitando o conselho de Deus contra si próprios, e atuando em união com Satanás e seus anjos para trazerem perplexidade ao povo de Deus, que estava vivendo segundo a mensagem enviada pelo céu.”
As igrejas que rejeitaram a marcação de tempo como não tendo base nas Escrituras, foram totalmente rejeitadas por Deus: 
“Ao recusarem as igrejas a receber a mensagem do primeiro anjo, rejeitaram a luz do céu e caíram do favor de Deus.
“Confiaram em sua própria força e, por se oporem à primeira mensagem, colocaram-se onde não podiam ver a luz da mensagem do segundo anjo.
“Mas os amados de Deus, sob opressão, aceitaram a mensagem, ‘Caiu Babilônia’, e deixaram as igrejas”.
Os que não se uniram o movimento de 22 de outubro de 1844 não eram convertidos: 
“Muitos que professaram estar olhando para Cristo não tinham parte na obra da mensagem [do estabelecimento do tempo como 22 de outubro de 1844] . . . mas não haviam sido convertidos; não estavam prontos para a vinda de seu Senhor”.
O movimento de 1844 cumpria as 1a e 2a mensagens de Apocalipse 14: 
“A profecia teve cumprimento na primeira e segunda mensagens”.
O céu inteiro estava “indignado” com quem não se uniu ao movimento de estabelecimento de data: 
“O céu todo estava cheio de indignação de que Jesus fosse tratado assim levianamente por seus professos seguidores.”
Foi propósito de Deus desapontar amargamente o Seu povo em 1844: 
“Havia sido propósito de Deus ocultar o futuro e trazer o Seu povo a um ponto de decisão. Sem a pregação de um tempo definido para a vinda de Cristo, a obra designada por Deus não teria sido cumprida.”
Os que reconheceram o seu erro e retornaram a suas igrejas, perderam-se: 
“A passagem do tempo os havia testado e provado, e muitos foram pesados na balança e achados em falta.”
Os que rejeitaram a marcação de tempo e disseram, “Eu bem que lhe disse!” após o desapontamento eram zombadores e seriam punidos por Deus: 
“De igual maneira, aqueles que zombaram e criticaram da ideia de que os santos haveriam de ascender serão visitados pela ira de Deus, e haverão de sentir que não é coisa pequena tratar levianamente com o seu Criador.”
[Ponderação: Não há evidência de que essa visitação da ira divina jamais haja ocorrido com os opositores do milerismo].
Jesus condenou e rejeitou aqueles que não aceitaram a marcação de data: 
“Jesus volveu-lhes as costas com sobrecenho carregado; pois haviam-No menosprezado e rejeitado.”
Jesus pediu a Seus anjos para conduzir as pessoas para fora das igrejas protestantes que recusassem aceitar o estabelecimento de data: 
“Vi que Jesus volveu o Seu rosto daqueles que O rejeitaram e desprezaram a Sua vinda, e então ordenou aos anjos que conduzissem o Seu povo de entre os imundos a fim de que não se contaminassem.”
Comparem-se agora as posições de adventistas e protestantes em torno de 1844: 
Os Adventistas em 1844
Guilherme Miller sabe o dia e a hora do retorno de Cristo.
Marcação de data como método divino para despertar o povo em reavivamento
Nenhuma explicação sobre o porquê de o evangelho não ter alcançado o mundo inteiro ou por que tantas profecias estavam ainda aparentemente sem cumprimento.
Emprego indiscriminado de textos-prova e métodos de interpretação bíblica reprováveis.
Atração aos jovens e pessoas sem cultura que, como a jovem Ellen Harmon, de 13 anos de idade, eram facilmente apanhados em excitação emocional.
Alegação de que as igrejas protestantes estavam caídas, enganadas e unidas com Satanás.
Revelaram-se errados em 22 de outubro de 1844.
Os protestantes em 1844
Somente Deus sabe o dia e a hora do retorno de Cristo (Mat. 24:36)
Cria um excitação fanática e sempre termina em desapontamento.
Questionamento sobre como Cristo poderia ter retornado em 1844 quando muitas profecias bíblicas ainda não tiveram cumprimento.
Emprego de sólidos métodos de interpretação bíblica.
Atração aos que eram firmes na fé e não se deixavam persuadir facilmente pelo emocionalismo religioso.
Alegação de que Miller estava equivocado e os que a ele se uniram estavam enganados.
Revelaram-se corretos em 22 de outubro de 1844. 
Cinco Perguntas Desafiadoras Para os Adventistas do Sétimo Dia Responderem: 
De quem deriva o método de marcação de datas (que Cristo condenou em Mateus 25:13)?
a) É um método divino para trazer pessoas à verdade.
b) É um estratagema do Diabo para agitar as pessoas e levá-las ao fanatismo, depois esmagá-las sob o peso do desapontamento.
Ellen White disse que foi “desígnio” de Deus que o Seu povo fosse enganado a respeito do retorno do Senhor. Quem deseja que os cristãos sejam enganados a respeito do Advento de Cristo?
a) Deus tem por desígnio que os cristãos sejam enganados.
b) Satanás tem por desígnio que os cristãos sejam enganados.
Segundo Ellen White, o amargo desapontamento de 1844 fazia parte do “desígnio” divino. De quem é o empenho para tornar os cristãos amargamente desapontados?
a) Deus se compraz em desapontar amargamente Seus filhos.
b) Satanás se compraz em desapontar amargamente os filhos de Deus.
Segundo Ellen White, Deus dirigiu o entendimento das profecias de Miller.
Quem levou Miller a fazer o que Cristo havia explicitamente proibido em Mateus 25:13?
a) Jesus levou Miller a desobedecer Sua própria Palavra.
b) Satanás levou Miller a desobedecer a Palavra de Cristo.
Que tipo de profeta denunciaria os pastores protestantes como “falsos pastores” simplesmente porque rejeitaram a marcação de datas e inadequados métodos de interpretação bíblica de Miller, e tentarem advertir seus rebanhos quanto aos perigos do fanatismo?
[Ponderação: Anos mais tarde, a própria Sra. White disse, a respeito de marcação de datas por alguns de seus contemporâneos: "Vi que alguns estavam obtendo uma falsa excitação, derivada da pregação sobre data. . . . Não devemos estar sob uma excitação relativa a data. Não devemos nos embaraçar com especulações a respeito de tempos e estações que Deus não revelou. Jesus disse a Seus discípulos, 'vigiai', mas não com respeito a um tempo definido". (Mensagens Escolhidas, Liv. 1, págs. 188, 189. [Sábio conselho que serviria como uma luva para os mileritas de anos antes]).
* Esta data tinha sido adotada por um dentre os vários grupos de judeus, os karaítas, segundo pesquisa de um dos seguidores de Miller que pertencia àquela comunidade de gente simples, sem grande cabedal de conhecimentos. Pesquisas posteriores revelaram que naquele ano de 1844 o Dia da Expiação na verdade caiu pelo menos um mês antes do que na época imaginavam, não em 22 de outubro.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A expiação por Azazel - A quem representava o bode Azazel? (CACP)



A senhora White, profetisa inspirada do adventismo, “descobriu” a doutrina da expiação compartilhada- Cristo e Satanás (Levítico 16. 20-22). Este texto fala de dois bodes sacrificiais para os quais os pecados do povo de Deus foram simbolicamente transferidos, sendo um sacrificado substitutivamente e outro, mantido vivo, mas abandonado na solidão dos ermos. Ela, dicotomizando o sacrifício, viu no bode substituto sacrificado o tipo de Cristo e no vivo alienado, a figura do príncipe dos demônios.
Então, imaginativamente, conclui:
A- O bode abatido, cujo sangue faz a purificação do santuário, prefigura Jesus Cristo que, pelo seu sangue imaculado, purificará o altar do Santo dos Santos celeste; fato que ocorrerá no fim do Juízo Investigativo.
B- O bode emissário, Azazel, prefigura Satanás, para o qual Cristo transferirá todos os pecados de seu povo, que se encontram registrados no livro arquivado no santuário, e o desterrará para a terra desolada, onde permanecerá em estado de inominável sofrimento por seus próprios crimes e pelos delitos dos justos pelos quais é diretamente responsável. Esse ato de transferência expiatória ocorrerá no encerramento do juízo investigador, dando início ao “perdão dos justos”, que habitarão com Cristo, e ao milênio, durante o qual o “Azazel Expiatório” vagará, com seus anjos maus, pela terra convertida em deserto, terrivelmente árida.
O Papel do Diabo na Expiação Adventista.
A vítima expiatória, na verdade, é Satanás, não Jesus Cristo. O sangue de Cristo, de fato, não exerce expiação: ele é transferido para o santuário celeste, onde se encontra os pecados dos justos registrados em livro próprio. Quem, no juízo final, tiver merecimento por arrependimento e fé, o “depósito do sangue de Cristo a seu favor” garantir-lhe-á a remoção dos pecados, que serão colocados sobre o Demônio regente. Este, sim, funcionará como “bode expiatório”, carregando os pecados dos santos, sofrendo por eles e, posteriormente, no final do milênio, morrerá expiatoriamente, eliminando as culpas de todos os filhos de Deus. Quem, finalmente, vai morrer pelos pecados, conforme os adventistas é Satanás. Inacreditável!
O Sacrifício e Azazel
Sacrifício único. À luz do contexto sacrificial, não se pode imaginar sacrifícios expiatórios independentes, um do bode sacrificado, outro do vivo. Ora, o culto sacrificial do Dia Nacional da Expiação era uno, com um único significado: purificação do arraial ou do santuário e perdão dos pecados coletivos. A cerimônia constava de dois bodes: um que, carregando os pecados do povo, eliminava-os pela morte vicária; outro que, igualmente levando as culpas dos eleitos, continuava vivo, mas em lugar onde a contaminação fosse impossível. Nesse ato simbólico, a morte sacrificial e a vida sacrificial prefiguravam um só evento: a vida, paixão e morte
de Cristo, o que carregou o nosso pecado (Isaías 53.4,8; João 1.29,36; 1 João 3.5) e, ao mesmo tempo, encravou-o na cruz (Isaías 53.5-7). Os dois bodes, ambos vítimas sacrificiais, são, com certeza, figuras de Jesus Cristo, que se fez pecado por nós e por nós entregou sua vida. A purificação do leproso curado, que simbolizava um pecador purificado de seus pecados, também era feita por dois pombos; um, destinado à morte sacrificial; outro, a carregar, pelo sangue da vítima, a doença para longe (Levítico 14.1-9) (Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, Editora. Vida Nova, 1ª Ed, 1998, pág. 1.099,§1593).
Introduzir papel Satânico no culto sacrificial, especialmente no que tipificava a vida encarnada de Cristo, feita pecado por nós, é mais que inconsequência, é abominação.
Azazel.
Retirar doutrina de tal relevância e tantas conseqüências de um texto isolado e a partir de uma única palavra de difícil interpretação não é de bom alvitre. Alguns entendem que “azazel” vem das raízes hebraicas: ez (bode) e azal (virar-se). Outros dizem que a palavra procede do árabe: “azala” (banir, tirar, remover). Os rabinos, em sua maioria, entendiam que Azazel era o local, no deserto, para onde o bode era enviado (Obra citada, pág. 1.100). Como, na crença israelita, o deserto era a habitação de espíritos maléficos, muitos concluíram que Azazel era um “espírito maléfico”. Não há consenso sobre o verdadeiro significado de Azazel. A partir de uma palavra indefinida definiu um dogma duvidoso.
O bode não era Azazel.
Em todas as incidências, o termo azazel aparece com a preposição prefixal “para”. Portanto, a palavra significa: “para Azezel”. Desta maneira, o bode emissário, carregando os pecados do povo de Deus, é levado “para Azazel”, isto é, para um local ou para um espírito maléfico com esse nome. Dona White sustenta que Azazel é protótipo de Satã no sacrifício expiatório prefigurativo; sendo, portanto, o próprio Satanás, na expiação final do juízo investigativo, quem levará os pecados dos justos para a terra milenar desolada. Assim, o bode emissário, em vez de ser “para zazel”, converte-se em “Azazel”, o Demônio expiatório. Então, a expiação passa a ser efetuada, compartilhadamente, pelo Deus do bem, Jesus Cristo, e pelo deus do mal, Príncipe das trevas. O “redimido”, na soteriologia adventista, tem de ser grato a Satã por sofrer e perecer em seu lugar; ele, efetivamente, foi maldito ao colocar o pecado no mundo, mas será bendito ao retirá-lo, sofrendo e, finalmente, morrendo pelos pecadores.
Difícil crer que alguém tenha coragem de produzir semelhante doutrina; mais difícil ainda é acreditar que uma “comunidade cristã” conserve-a como dogma de fé.

terça-feira, 10 de junho de 2014

A "ponta pequena" em Daniel 8:9 (CACP)



Talvez alguém possa se indagar sobre qual a importância de se saber qual ou quem era a ponta pequena de Dn. 8:9 que diz: “Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o meio dia, e para o oriente, e para a terra formosa” (ARC)? É claro que para qualquer cristão isso não é de tão crucial importância, mas para a Igreja Adventista sim, pois partindo do Capítulo 8 de Daniel eles desenrolam uma teoria na qual chegam ao ano de 1844, dia que, segundo eles, Jesus Cristo mudou de lugar no céu e hoje está terminando a obra de salvação realizando o que eles chamam de “Juízo Investigativo” para ver quem será salvo. Por isso esse pequeno detalhe é muito importante para os adventistas, sendo que se a ponta pequena de Daniel 8 tem que ser o Império Romano para que a teoria adventista se encaixe. É uma pena que essa teoria seja tão frágil a exegese e aos estudos históricos, pois caso queiram sustentar essa tese os adventistas terão que fazer uma afirmativa não histórica afirmando que do império Grego-Macedônio surgiu o império Romano e isso não é fato nem bíblico e nem histórico. Vejamos então o contexto de Dn. 8:
* O Carneiro com Dois Chifres (Daniel 8:3-4): É o império Medo-Persa. “Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da média e da Pérsia” (vers. 20). O Chifre mais alto (vers. 3) é a Pérsia que na pessoa de Ciro em 550 a.C. rebelou-se contra os medos e tornou-se o líder do Reino.
* O Reino da Grécia: “O bode peludo é o rei da Grécia” (vers. 21). O Chifre notável do bode (vers. 5) é Alexandre o Grande, um dos homens mais brilhantes dos tempos antigos: Rei da Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega. Foi ele o grande imperador que realizou grandes conquistas, sendo que em doze anos tinha o mundo aos seus pés. Morreu em 323 a.C. Em Babilônia, aos 33 anos de idade.
* A Divisão do Império de Alexandre: O império de Alexandre foi dividido em 4 após a sua morte conforme profetizado por Daniel (vers. 8). Essas quatro divisões correspondem em parte a Grécia, Turquia, Síria e Egito (vers. 22).
O Chifre Pequeno: Diz-nos o texto: “Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o meio dia, e para o oriente, e para a terra formosa” (ARC). Isso significa que de uma das ramificações do reino grego-macedônio deveria se levantar uma ponta ou um rei que se voltaria contra a “TERRA FORMOSA” ou Jerusalém. Todos os teólogos e historiadores que estudam Daniel são praticamente unânimes nessa questão ao admitirem ser essa ponta pequena o rei Antíoco Epifânio, embora a maioria acredita que Antíoco é um tipo de anticristo que ainda virá.
Poderia Roma ter emergido da Grécia? 
A problemática de que essa ponta possa ser Roma é muito grande, pois teríamos de admitir que Roma emergiu da Grécia, o que seria uma inverdade absoluta. Isso é tão complicado que, ainda que inconsciente, é admito até pelo teólogo adventista que diz: “… O Chifre pequeno saiu de um dos Chifres do bode (Grécia). Como se pode dizer isso de Roma?”. Realmente não se pode dizer isso de Roma, pois não há evidência alguma de tal fato. Veja o que nos diz certo professor de história: “Na realidade, há evidências de que o Império Romano não saiu do Império Grego; a origem dos imperadores romanos é totalmente independente da cultura grega” (Prof. Wilson A. Ribeiro). Ou seja, isso derruba qualquer tese que se possa querer fazer sobre essa questão. Isso é tão verdade que o historiador renomado Flávio Josefo, escritor do famoso livro “História dos Hebreus”, relata o seguinte dessa ponta pequena e da profanação do templo judaico pelas mãos de A. Epifânio: “… Como o profeta Daniel tinha predito, quatrocentos e oito anos antes, dizendo clara e distintamente que o templo seria profanado pelos macedônios” (Livro História dos Hebreus; Ed. CPAD; pg. 291, grifo meu). O autor achou tão precisa a evidência que disse ser clara e distintamente. É obvio que Josefo, que viveu na época dos apóstolos sabia bem melhor do que nós o que estava afirmando. Talvez ele tivesse em mãos evidências que hoje não existam mais com relação a Antíoco Epifânio, pois ele faz uma afirmação muito convicta. Além disso, há críticos do Livro de Daniel querendo ridicularizar a obra escrita pelo profeta de Deus. E sabe por que? Pelo fato de se encaixar tão perfeitamente na história secular e pelos seus acontecimentos previsto tantos séculos antes dos fatos. Muitos, por isso, acreditam que o autor do livro de Daniel seja um pseudo Daniel e não o profeta bíblico (veja livro: Daniel na Cova dos Críticos – Mcdowell).
O Dr. Archer, professor de línguas antigas e judeu convertido ao cristianismo diz:

“… O leopardo de quatro asas dos capítulo 7 corresponde claramente ao bode de quatro chifres do capítulo 8; isto é, ambos representam o império grego que foi dividido em quatro depois da morte de Alexandre. A única dedução razoável a ser tirada é que existe dois pequenos chifres envolvidos nas visões simbólicas de Daniel. Um deles emerge do terceiro império e outro deverá emergir do quarto. Ao que parece, a relação é de tipo (Antíoco IV do terceiro reino)e antítipo (o anticristo que deverá surgir de forma moderna do quarto império). Esta é a única explicação que satisfaz todos os dados e que lança luz sobre Daniel 11:40ss, onde a figura do Antíoco histórico repentinamente se funde com a figura de um anticristo que virá no fim dos tempos”. Diz mais o Dr. Mcdowell: “O pequeno chifre do capítulo 7 derivou dos dez chifres do animal terrível representando o quarto império. Este pequeno chifre arranca três dos dez chifres. Em contraste, o pequeno chifre do bode foi quebrado e substituído por quatro outros. Essas são, evidentemente, representações diferentes, não pretendendo de maneira alguma reproduzir o primeiro reino, rei ou situação. Só as idéias preconcebidas mais obstinadas e praticamente ilógicas capacitam os críticos a equipararem esses dois pequenos chifres” (Daniel na Cova dos Críticos, pg. 34 – Ed. Candeia).
O QUE FEZ ANTÍOCO EPIFÂNIO? 
Será que Antíoco se encaixa nas profecias do capítulo oito de Daniel? Vejamos:
A) – É dito que essa ponta peque emergiria do império Grego ou de uma das divisões do império de Alexandre. Então, ela emergiu do império Grego?

Sim, Antíoco foi o oitavo governador da casa dos Selêucidas, que reinou de 175 a 164 a.C.
B) – Ele se levantou contra o Egito, pois se diz que essa ponta também se levantaria para o sul (vers.9)?

Também esse fato foi registrado. Diz-nos Flávio Josefo:

“A profunda paz (Daniel 8:25) que Antíoco gozava e o desprezo que ele tinha pela pouca idade dos filhos de Ptolomeu, que os tornava incapazes de tomar conhecimento das coisas, fê-lo conceber a ideia de conquistar o Egito. Declarou guerra, e entrou no país com um poderoso exército; foi diretamente a Pelusa, enganou o rei Filopator, tomou Mênfiz e marchou para Alexandria, para se apoderar da cidade e da pessoa do rei. Mas os romanos declararam-lhe que lhe faria guerra… ele foi obrigado a abandonar essa empresa…” (História dos Hebreus, pág. 286 – CPAD – parênteses do autor). A profecia se encaixa em Antíoco apesar dele não ter mantido sua conquista por muito tempo. Alguns argumentam que ele teria de ter “…prosperado no que lhe aprouver…”(
vers. 24). Entretanto, devemos notar que a ênfase não era o Egito, mas a “Terra Formosa”.
C) Teria Antíoco prosperado no intento contra a Terra Formosa? Teria prosperado no engano? Teria ele profanado o Templo?

Infelizmente sim. Esse tipo do anticristo fez coisas terríveis contra os pobres Judeus. A história nos conta fatos terríveis, muito tristes e dolorosos. Flávio Josefo diz:

"Dois anos depois, no vigésimo quinto dia do mês que os hebreus chamam de Casleu e os macedônios, Apeleu, na centésima quinquagésima terceira Olimpíada, ele voltou a Jerusalém e não perdoou nem mesmo aos que o receberam na esperança de que ele não faria nenhum ato de hostilidade. Sua insaciável avareza fez com que ele não temesse violar também a sua fé, para despojar o templo de tantas riquezas de que ele sabia que estava cheio. Tomou os vasos consagrados a Deus, os candelabros de ouro, a mesa sobre a qual se punham os pães da proposição e os turíbulos. Levou mesmo as tapeçarias de escarlate e os linhos finos, pilhou os tesouros, que tinham ficado escondidos por muito tempo; afinal, nada lá deixou. E para cúmulo de maldade proibiu aos judeus de oferecer a Deus os sacrifícios ordinários, segundo sua lei a isso os obrigava. Depois de ter assim saqueado toda a cidade, mandou matar uma parte dos habitantes e fez levar dez mil escravos com suas mulheres e filhos, mandou queimar os mais belos edifícios, destruiu as muralhas, e construiu, na cidade baixa, uma fortaleza com grandes torres, que dominavam o templo e lá colocou uma guarnição de macedônios, entre os quais estavam vários judeus maus e tão ímpios, que não havia males que eles não infligissem aos habitantes. Mandou também construir um altar no templo e lá fez sacrificar porcos, o que era uma das coisas mais contrárias à nossa religião. Obrigou então os judeus a renunciarem ao culto do verdadeiro Deus, para adorar seus ídolos, ordenaram que se lhes a construíssem templos em todas as cidades e determinou que não se passasse um dia, que lá não se imolassem porcos. Proibiu também aos judeus, sob penas graves, que circuncidassem seus filhos e nomeou fiscais para vigiarem se eles observavam suas determinações, as leis que ele impunha, e obrigá-los a isso, se recusassem. A maior parte do povo obedeceu-lhe, fê-lo voluntariamente ou de medo; mas essas ameaças não puderam impedir aos que tinham virtude e generosidade, de observar as leis de seus pais; o cruel príncipe os fazia morrer, por vários tormentos. Depois de os ter feito retalhar a golpes de chicote, sua horrível desumanidade não se contentava de faze-los crucificar, mas enquanto respiravam, ainda fazia enforcar e estrangular, perto deles, suas mulheres e os filhos que tinham sido circuncidados. Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não perdoava a um só de todos aqueles em cujas casas os encontrava." (História dos Hebreus, pág. 287 – CPAD).
Vejam o que nos diz certo comentarista sobre este assunto:

“O 
vers. 9 identifica um agressor, um “chifre pequeno” ou uma “pequena ponta”. Os vers. 10-12 nos mostram que este inimigo e agressor atacará o Templo ou Santuário. O vers. 13, como já vimos, pergunta: “Até quando durará esse levante e profanação do santuário? Até quando vamos ficar sem o sacrifício costumado? E o vers. 14 responde: Até 2300 tardes e manhãs; e o santuário será purificado (ou como diz a Bíblia de Jerusalém – “Será feita justiça, justificado ou feito justo”, o que ocorreu através de Judas Macabeus). É lógico que o vers. 13 faz uma pergunta que é elucidada no vers. 14. Desvincular Daniel 8:14 deste clamor “Até quando?”(do vers. 13) significa estar exegeticamente falando um grande impropério. Não podemos ter ao mesmo tempo o contexto e a interpretação adventista. Portanto, alusivo ao “Juízo Investigativo” e a “doutrina do Santuário”, a Igreja Adventista teve de fazer uma escolha – Aceitar o contexto de Daniel 8:14 de acordo com a Bíblia ou as doutrinas de E.G. White, e infelizmente eles escolheram a “pior parte” dessa teologia”. Por isso é muito mais seguro entender esta profecia como um fato ocorrido, mas que de alguma maneira se repetirá na pessoa do anticristo que virá sobre o mundo.
D) Ele se engrandeceu até o exército dos céus (vers. 10)?

 Sim, pois como já dissemos acima ele invadiu Jerusalém e atacou os judeus e seus exércitos. Diz nos o seguinte sobre isso o Dr. Antônio Gilberto:

“Essa passagem parece ser uma referência aos sacerdotes e levitas, se compararmos o conteúdo dos 
vers. 10 a 13.

Sobre as estrelas, comenta a Bíblia de Jerusalém:

“As estrelas são o povo de Deus – (Daniel 12:3; Mateus 13:43; 1 Coríntios 15:41).
E) Ele se engrandeceu contra o príncipe dos exércitos (vers. 11)?

 Também esse fato é ocorrido, pois isso é decorrente a invasão de Jerusalém. Veja o que nos diz o Dr. Baldwin em seu livro sobre Daniel: 
“Observe a expressão, ‘se engrandecia’ (vers. 4), ‘se engrandeceu sobremaneira’ (vers. 8), até que o orgulho mostrou o seu propósito último ao desafiar o príncipe tanto das estrelas como dos monarcas, o seu Criador e Deus. Este desafio tomou a forma de um ataque sacrílego ao Templo, tal como o que já uma vez havia tido lugar sob Nabudonosor. O sacrifício costumado (heb. Tãmîd): “o contínuo” é um termo técnico que se refere aos sacrifícios diários, da manhã e da tarde, prescritos em Êxodo 29:38-42. Por esta única palavra, todo sistema sacrificial é implicado. O "lugar do seu santuário foi deitado abaixo" representa uma boa tradução do estilo enigmático do escritor, com seus pronomes e preposições ambíguos. A palavra – lugar (mãkôm) – é reservada para habitação de Deus (1 Reis 8:30 – o céu, lugar da tua habitação – 2 Crônicas 6:2 – O TEMPLO). Um ataque ao local reservado para o culto a Deus equivale a um ataque ao próprio Deus. Ou seja, Epifânio afrontou o grande Jeová Sabaoth (Senhor dos Exércitos).
F) Epifânio foi especialista em intrigas?

Sobre isso comenta o seguinte o Dr. Walvoord em seu livro “Todas as Profecias da Bíblia” Ed. Vida:

“Daniel descreveu o governante nesta profecia como um rei feroz e especialista em intrigas (
vers. 23). Ele afirmou: Grande é o seu poder, mas não por sua própria força (fato que não se pode dizer de Roma que era grande e poderosa por si mesma)… A descrição aqui apresentada deste ímpio governante é muito semelhante ao que a história e a Bíblia registram com respeito a Antíoco Epifânio. Ele teve grande poder sobre a Terra Santa e a Síria e, por algum tempo, exerceu sua autoridade sobre o Egito, até que foi obrigado a retirar-se de lá… Profanou Jerusalém e devastou o culto dos hebreus…”.

Diz ainda o Dr. Stamps:

“Usurpou o trono que por direito pertencia a Demétrio… Assassinou o sumo sacerdote Onias em 170 a.C… Seus tratados com outras nações eram eivados de intriga e engano. Apoiou Ptolomeu Filométor contra Ptolomeu Evérgetes por motivos egoístas. Atacava de improviso cidades ricas em tempo de paz. Seus ataques ao Egito foram bem sucedidos por que os que deviam ajudar o Egito não o fizeram, e Antíoco regressou à Síria com grandes riquezas”.
G) Ele foi quebrado sem mão?
Sim, esse maligno monarca morreu de tanta infelicidade e tristeza. Diz Flavio Josefo:

“O rei Antíoco morre de tristeza por ter sido obrigado a levantar vergonhosamente o cerco da cidade de Elimaida, na Pérsia, onde ele queria saquear um templo consagrado a Diana e a derrota de seus generais, pelos Judeus”. (História dos Hebreus; Pág.292 – CPAD).
H) Ele se envolveu com adivinhações (vers.. 23)?
Na verdade A. Epifânio nasceu no mais absoluto marasmo religioso pagão e não só em adivinhações, mas em todos os tipos de rituais pagãos de sua época. Ele foi um absoluto anticristo ou anti-Deus do Antigo Testamento. É por isso que sua figura é tão parecida com o do vindouro Anti-Cristo apocalíptico.
POR QUE ROMA NÃO PODERIA SER ESSA PONTA DE Daniel 8:9?
A) Como já dissemos o Império Grego nada tem haver com o Império Romano e não se pode dizer de forma alguma que o império Romano saiu do Grego. Quem argumenta isso o faz sem base histórica e, por conseguinte diz uma inverdade.
B) É dito que essa ponta “se fortalecerá, mas não pelo seu próprio poder”. Já Roma é conhecida pelo seu grandíssimo poder militar, e tudo que Roma conquistou foi com forças próprias.
C) A ponta de Daniel 8:9 se refere a uma pessoa e não a um império.
Apêndice
Veja o que nos diz o Pastor e Doutor Abraão de Almeida:

“Entre esta e aquela data, a Judéia passou por muitas vicissitudes, destacando-se a opressão sob Antíoco Epifânio (ou Epífanes)… Ele governou a Síria de 175 a.C. a 164 a.C. Sua crueldade e intolerância religiosa fizeram dele um tipo do futuro Anticristo. O relato Bíblico que trata desse rei está em Daniel, capítulos 8 e 11. No capítulo 11, o mesmo Antíoco Epifânio é descrito como ‘homem vil’ que não tinha quaisquer direitos à dignidade real, por ser filho menor de Antíoco, o grande, mas obteve a coroa usando-se de lisonjas. É viva, no primeiro capítulo apócrifo dos Macabeus, a descrição que se faz dos males ocasionados na Judéia pelos judeus infiéis, do saque de Jerusalém e da introdução do culto pagão em toda a Palestina: ‘O seu santuário ficou desolado como um ermo, os seus dias de festa se mudaram em pranto, os seus sábados em opróbrio, as suas honras em nada. À proporção da sua glória, se multiplicou a sua ignomínia: E a sua alta elevação foi mudada em luto… E o rei (Antíoco Epifânio) dirigiu cartas suas, por mãos de mensageiros , a Jerusalém, e a todas as cidades de Judá, mandando-lhes que seguissem as leis das nações da terra. E proibissem que no Templo de Deus se fizessem holocaustos, sacrifícios, e ofertas em expiação pelo pecado. E proibissem os lugares santos, e o santo povo de Israel. Outrossim, mandou que se edificassem altares, e templos, e que se levantassem ídolos, e sacrificassem carne de porco. E reses imundas…’(1 Macabeus 1:41,46-50). Os registros históricos confirmam as sombrias características de Antíoco Epifânio. Ele foi considerado um louco sanguinário pelos historiadores gregos e um fomentador de intrigas entre o seu reino e o do Egito. Sua vida em relação ao judaísmo foi uma blasfêmia contra o próprio Deus (levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes – Daniel 8:25) e sua morte por desgosto, em razão do fracasso contra os romanos, mostra que ele foi ‘quebrado sem esforço de mãos humanas’. Scofield e outros estudiosos do assunto entendem que a ponta pequena do capítulo 8 é Antíoco Epifânio (Daniel .8:9), oitavo governador da casa dos Selêucidas, que reinou de 175 a 164 a.C. Intolerante em religião, intentou destruir a religião dos judeus pela força. Ordenou que os judeus demonstrassem publicamente seu repúdio à religião de seus pais, violando as leis e as práticas legadas a ela, que profanassem o Sábado, as festividades e o santuário, construindo altares e templos aos ídolos pagãos; que sacrificassem carne de porco nos altares do templo e não circuncidassem seus filhos. O judeu que desobedecesse a palavra do rei, seria morto. A pressão de Antíoco sobre os Judeus, cada vez mais cruel, culminou no décimo quinto mês de quisleu (dezembro), do ano 168 a.C., quando uma gigantesca estátua de Zeus foi colocada atrás do altar de sacrifício, e os pátios do Templo transformados em lugares de lúbricos bacanais (festas de orgias). Os que se recusaram a obedecer aos decretos reais fugiram ou morreram, Milhares foram sacrificados, e nessa conjuntura irrompeu a revolta dos Macabeus, repleta de atos heroicos. Os atos de bravura dos Macabeus acabaram por vencer, no final de 165 a.C., definitivamente, as bem equipadas e esplendidamente treinadas tropas selêucidas. Antíoco, logo ao receber a notícia de que seus exércitos haviam sido irremediavelmente batidos, morreu de desgosto entre Elimaís e Babilônia. No vigésimo quinto dia de quisleu, de 165 a.C., Judas, o Macabeu, depois de purificar o templo (ou santuário), reconsagrou-o acendendo as lâmpadas do candelabro sagrado, oferecendo incenso no altar de ouro, levou oferendas ao altar dos sacrifícios e decretou que todos os anos o evento fosse comemorado, nascendo assim a ‘CHANUKAH’, festa da Dedicação – João 10:22”.

sábado, 7 de junho de 2014

A Grande Controvérsia / O Grande Conflito (CACP)




Há um Grande Conflito no qual Deus e Satanás disputam a lealdade do universo pela melhor maneira de viver? Há verdade na alegação de que Deus será vindicado pelos que obedecem a sua lei à perfeição?
Em primeiro lugar, a Bíblia jamais ensina que há um grande conflito entre Deus/Cristo e Satanás. A Bíblia sempre ratifica que Deus é soberano, mesmo sobre o mal, e que Satanás jamais levantou demanda alguma contra Deus que “o universo” tenha levado a sério. Tal crença singelamente não aparece na Bíblia. Nos últimos três capítulos de Jó, Deus se apresenta soberano, pois Jó não pode responder às perguntas de Deus. Deus NUNCA responde ao interrogatório de Jó nem revela a razão de seu sofrimento, demonstrando que Deus em si mesmo é soberano, onisciente e onipotente sobre toda a criação.
Romanos 3:21-26 revela a única pergunta que Deus devesse “responder”. O Grande Conflito (GC) diz que Satanás propôs interrogações no tocante a questão de se Deus era “justo” ao estabelecer uma lei que seu povo não podia guardar ou se Deus era “justo” ao condenar os que não a guardavam. O GC diz que a finalidade do juízo investigativo (agora recebeu o novo nome de juízo “pré-advento) responde estas perguntas de tal modo que todo o universo – a quem quer que se inclua – fica satisfeito. O juízo investigativo, em outras palavras, explica a razão pela que uns são salvos e outros não. Estabelece que Deus é justo e demonstra que os reclamos de Satanás alegando que os requisitos de Deus são demasiados rigorosos para se poder observar, são falsos.
Por outro lado, a Bíblia manifesta que a “interrogação” universal NÃO era se Deus é “justo” ao dar a seus seres a lei esperando que a guardassem. Tampouco a questão não é se Deus é justo ao castigar aos ímpios dada a dificuldade de guardar a lei. Melhor, de acordo com Romanos 3:25-26, Jesus derramou seu sangue “como demonstração de Sua justiça, porque em Sua tolerância, Deus passou por alto os pecados cometidos anteriormente, para demonstrar neste tempo Sua justiça, a fim de que Ele seja justo e seja O que justifica ao que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:25-26).
Entendeu? Ninguém, EM LUGAR ALGUM, duvidou se Deus era justo ao castigar aos pecadores. A pergunta pendente era “Por que permitia que os pecadores seguissem vivendo quando o faziam desafiando a Deus?” Ele “passou por alto” os pecados que o povo tinha cometido durante sua história antes da cruz. Não tinham sido castigados, os pecadores não tinham sido imediatamente destruídos.
Jesus morreu como prova que era justo ao NÃO destruir aos pecadores no momento em que pecavam. Sua morte foi a prova que Deus, em Si mesmo, é justo e O que justifica. Ele é justo ao permitir que os pecadores não sejam castigados porque Ele mesmo levou as conseqüências de seu pecado. Ele é O Justo, uma vez que se fez pecado (1 Coríntios 5:21) e fez-se maldição por nós (Gálatas 3:13).
Ele, O Justo, é também o que justifica. Ele levou nosso pecado e tomou nosso castigo, portanto demonstrando a razão pela qual NÃO CASTIGOU aos pecadores. Ele, O Justo, pagou o preço pelos pecadores.
A mentira do Grande Conflito é sutil e profundamente perversa. Levanta um argumento à maneira de boneco de palha alegando que Deus tem que demonstrar ao universo a razão pela qual Ele é justo ao castigar o pecado. ISSO É FALSO!
O universo sempre "soube" que ele deve castigar o pecado. A única indagação é por que não havia destruído aos pecadores tão logo pecassem. A cruz de Jesus demonstra a justiça de Deus ao permitir que os pecadores VIVAM – Jesus toma seu castigo. Ele o fez para que todos os que tenham fé em Jesus sejam justificados.
O Grande Conflito supõe que Satanás tem um acerto ao questionar a “justiça” de Deus. Romanos e as demais Escrituras (incluindo o Evangelho segundo João) corroboram que NINGUÉM tem questão alguma no que é pertinente ao direito de Deus de castigar o pecado. (Leia Romanos 9:19-26.)
Colossenses 2:14-15 e Efésios 2:14 comprovam que na cruz, Jesus desarmou e humilhou publicamente a Satanás, e seus principados e potestades, ao destruir a maldição do pecado. Ele fincou a lei à cruz em seu próprio corpo (a palavra hebraica “Torah” e a palavra grega “Logos” – como em João 1:1, “No princípio era a Palavra…” têm o mesmo significado. Ambos se referem à Palavra – e Jesus, É a Palavra/Torah), e ao fincar a lei à cruz, Ele a cumpriu e estabeleceu-se a Si mesmo como o objeto de fé e obediência.
Nós não “respondemos” aos questionamentos de Satanás guardando a lei para comprovar que ele é mentiroso. Nós não temos NADA que comprovar a Satanás. Ninguém no universo inteiro tem por que responder coisa alguma a Satanás – e Deus muito menos.
Em mudança, demonstramos ao universo a multiforme sabedoria de Deus, como seu corpo no qual habita o Espírito Santo, de acordo com seu eterno propósito, o qual Ele levou a seu cumprimento em Jesus Cristo (Efésios 3:8-10).
O Grande Conflito é uma mentira sutil, mas profundamente torcida. Deus NÃO está em julgamento. Satanás não levantou pergunta alguma ante a qual Deus tem por que responder. Jesus é a Palavra final de Deus (Hebreus 1:2), e nEle se cumpriram a justiça de Deus, sua santidade, nosso perdão e a segurança de nossa eterna salvação.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Expiação de Cristo (CACP)




Aqui se encontra um dos erros mais cruciais da doutrina adventista. Tentando corrigir o erro de Miller, que afirmava que Jesus voltaria em 1844 – sobre o Templo em Jerusalém, o Sr. Hiram Edson e a Sra. E. G. White inventaram o engodo de que Cristo voltou mesmo em 1844, não para a terra, como pensava Miller, mas para algum outro lugar próximo a terra, e esse lugar não poderiam ser outro senão o “santuário celeste”. Chegaram a essa conclusão por não haver templo ou santuário no suposto dia marcado para a volta de Cristo (cf. EG White; “O Conflito dos Séculos”; Ed. Casa Publicadora, Santo André – SP; 1935, pág. 247,248,249). Ora, segundo eles, quando Cristo entrou no santuário celeste, a porta foi fechada (EG White; Mensagens Escolhidas, vol. 1, Ed. Casa Publicadora, Tatuí – SP, 2001, pág. 63). Cristo está fazendo um “juízo investigativo”, examinando tudo e mostrando ao Pai Celestial aqueles que têm os méritos de gozar dos benefícios da expiação. Os demais, se não aceitarem as doutrinas da Igreja Adventista, não têm chance de se salvar, pois a verdade está com eles. Dessa maneira de pensar deduzimos que, segundo eles, a expiação não foi realizada na cruz do calvário, e sim está sendo feita no “santuário”; não durante a paixão de Cristo, mas em 1844, não pela graça salvadora, mas pelas obras da carne (Efésios 2:8,9), não pela aceitação de Cristo, mas das doutrinas e do comprometimento das normas da Igreja Adventista, pois para eles, Cristo tem apenas o título de “Salvador”. Assim, devemos nos unir a Ele, unir a nossa fraqueza à sua força, nossa ignorância à sua sabedoria. Então, Cristo é apenas o nosso cooperador, e, motivados pelo seu exemplo, devemos fazer boas obras em prol da nossa salvação, e isso começa na observância fiel da guarda do Sábado. Veja o que é admitido pela Igreja Adventista: “Nós discordamos da opinião que a expiação foi efetuada na cruz, conforme geralmente se admite” (cf. Heresiologia, Ed. EETAD; Campinas; 1991, Pág.122).

Refutação


Entretanto, a Bíblia diz que Jesus quando subiu ao Pai entrou no santuário (figuradamente falando) e de lá por nós intercede. Leiamos: “Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (Hebreus 9:23,24), “…entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas tendo obtido eterna redenção” (Hebreus 9:12; ARA). Jesus não entrou no santuário, como querem os adventistas, em 1844, Ele já estava lá, pois assim diz a Bíblia. Glória a Deus por isso! Jesus já fez tudo na cruz do calvário e declarou: “ESTÁ CONSUMADO” (João 19:30). Vejamos outros textos:

“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:26).
“… Que não necessita, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo” (Hb.7:27).
A Palavra de Deus é claríssima quanto à obra que foi completada na cruz do Calvário por Jesus. A frase “salvar perfeitamente” tem o significado pleno, ou seja, quando o Senhor bradou que estava consumado lá na cruz, Ele estava dizendo que tudo já estava feito da parte de Deus. Entretanto, agora é com o homem aceitar ou recusar tamanha salvação. Essa verdade é imutável e ninguém mudará isso, nem mesmo os adventistas.
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