segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A assunção* de Maria



Celebra a Igreja Católica, no dia 15 de agosto, a ocasião em que Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. O dogma da assunção de Maria corporalmente ao céu foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950, na Constituição Munificentíssimus Deus.
Dogma, explicam as autoridades católicas, é a palavra que encerra uma verdade de Fé, revelada por Deus (na Sagrada Escritura ou contida na Tradição), e que também é proposta pela Igreja como realmente revelada por Deus. Nesse caso se diz que o Papa “ex-cathedra”, quer dizer, que fala e determina algo em virtude da autoridade suprema que tem como Vigário de Cristo e Cabeça Visível da Igreja, Mestre Supremo da Fé, com intenção de propor um assunto como crença obrigatória dos fiéis católicos. A justificação desse dogma foi feita da seguinte maneira:

“Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei Imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu.”

O Novo Catecismo da Igreja Católica estabelece: “A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do Seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos.” (966)

O Papa João Paulo II falando sobre a Assunção de Maria, explica esse dogma nos seguintes termos:

“O dogma da Assunção, afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois de sua morte. Com efeito, enquanto para os demais homens a ressurreição dos corpos ocorrerá no fim do mundo, para Maria a glorificação do seu corpo se antecipou por singular privilégio”. (JP2-julho 97)

RAZÕES CATÓLICAS

Os católicos procuram justificar o dogma da Assunção Corporal de Maria com os seguintes argumentos:

1) Ensinam os líderes católicos que Maria é dita pelo Anjo Gabriel “cheia de graça” . Entendem então que Maria nunca esteve sujeita ao império do pecado. Sendo assim ela não conheceu a corrupção na sepultura, sendo glorificada não só na alma, mas também em seu corpo.
Resposta Apologética: A tradução “cheia de graça”, na saudação do anjo Gabriel, não é tradução correta. Na verdade, Maria foi saudada pelo anjo com a expressão, "Salve, agraciada..." (LC 1:28) Maria não foi cheia de graça mas foi altamente favorecida por Deus por ter sido escolhida para ser mãe de Jesus. A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." (João 1:17)

Nós, como pecadores, precisamos de um Salvador que é Jesus. Ora, o cântico de Maria dá margem a admitir-se que ela reconheceu sua condição de igualdade com todos os demais seres humanos pecadores (Romanos 5:12). Ela chamou a Deus seu Salvador: "Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada," (Lucas 1:46-48)

Maria declara ser Deus seu Salvador. Ora, quem precisa de Salvador é um pecador. Era o caso de Maria, incluindo-se na condição de todos os seres humanos (Romanos 3.23) Não disse que ela era senhora. Disse ser uma serva de Deus.

2) Dizem mais os católicos que a carne da mãe e a carne do filho são uma só carne. Ora, continuam, Maria é mãe de Jesus, que foi glorificado em corpo e alma após ter morrido. Conseqüentemente, deve ter tocado a Maria a mesma sorte gloriosa a Assunção de Maria.
Resposta Apologética: Embora a natureza humana de Jesus em tudo fosse idêntica a de Maria, pois Jesus sentia fome, sede, sono, etc., a forma da geração do corpo de Maria e Jesus são diferentes. O dogma da imaculada conceição de Maria não é bíblico. Se ela fosse realmente imaculada na sua conceição, o mesmo teria que ocorrer com seus pais e daí para toda sua descendência. Não é o caso de Jesus que foi concebido no ventre de Maria pelo Espírito Santo. O próprio anjo Gabriel ao anunciar o nascimento de Jesus face à admiração de Maria de como isso aconteceria, o anjo Gabriel explicou:
" Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus." (Lucas 1:30,31,34,35); "Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste;" (Hebreus 10:5). Jesus foi concebido pelo Espírito Santo e não tinha natureza pecaminosa. Diz a Bíblia: "Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus." (Hebreus 7:26).Maria, concebida por seus pais humanos, herdou natureza pecaminosa como todos os seres humanos (Salmos 51.5)

CONTROVÉRSIA SOBRE A MORTE DE MARIA

Há uma controvérsia sobre dentro do catolicismo sobre se Maria foi assunta ao céu sem morrer ou se morreu e foi ressuscitada. Alguns líderes afirmam, “Encerrado o curso de sua vida terrestre, foi assumida...” Já a tradição afirma que Maria morreu e aponta o seu sepulcro em Jerusalém, assim como o lugar em que teria morrido. Do seu sepulcro foi assunta ao céu em corpo e alma.

O QUE DIZ A BÍBLIA

A Bíblia omite qualquer informação sobre a morte de Maria e de sua ascensão ao céu em corpo glorificado. O último registro sobre Maria é encontrado em Atos 1:13-14: "E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago."
Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos."

Registra a Bíblia o arrebatamento de dois personagens: Enoque e Elias.
Sobre Enoque diz a Bíblia: "E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou." (Gênesis 5:24); "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus." (Hebreus 11:5)

Sobre Elias, a Bíblia registra: "E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho." (II Reis 2:11)

A ASCENSÃO DE JESUS

Durante o seu ministério na terra Jesus por várias vezes se referiu à sua morte e sua ressurreição:
"Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia." (Mateus 16:21)

"Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito." (João 2:19-22)

O relato sobre a ascensão de Jesus é registrado em Atos 1.9-11, que diz: "E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir."

Estevão o viu como o Filho do Homem. A expressão “Filho do Homem” se refere à natureza humana. "E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." (Atos 7:56); "Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem." (Mateus 24:27); "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória." (MT 24:30).

Alguns anos mais tarde, João relata no Apocalipse 1.13-18 a aparição de Jesus glorificado lá no céu: "E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno."

O ARREBATAMENTO DA IGREJA

O apóstolo Paulo relata a esperança do arrebatamento da Igreja baseado na ressurreição do próprio Jesus e de sua ascensão ao céu. Diz ele, "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem." (I Coríntios 15:20). Com base nesta declaração ele fala como se dará a nossa glorificação. "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas." (Filipenses 3:20,21)

*Qual a diferença entre assunção e ascensão?

A palavra “assunção” tem o sentido de ser elevado a um cargo ou dignidade. Na liturgia da Igreja católica, a festa da assunção de Maria celebra o recebimento da Virgem Maria no Céu, em corpo e alma, ou seja, Maria é elevada a uma dignidade única em toda a história da humanidade, uma dignidade que nenhum outro ser humano ainda a teve.
Ascensão é o ato de subir, elevação. Na liturgia da Igreja Católica, a Ascensão de Jesus é a celebração de sua volta aos céus, ao Pai, do qual veio, em corpo e alma, diante dos apóstolos.
Porém, popularmente, se diz que a “ascensão” é subir pelas próprias forças — referindo-se a Jesus, que é Deus; e “assunção” é ser elevado por outro — no caso de Maria, um ser humano, levada ao Céu por anjos.


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